QUADRINHOS

Entenda a PROBLEMÁTICA do Calvário apontada por Noturno

Conhecido por ser um dos mutantes mais gentis, Noturno vem encontrado problemas na mais nova sociedade de Krakoa, em específico no Calvário.

Logo no início de DINASTIA X e POTÊNCIAS DE X, leitores de quadrinhos do mutantes foram apresentados ao conceito dos Protocolos de Ressurreição, onde, através da morte, a mutandade conquistou o direito de retornar à vida.

E em contrapartida envolvendo o genocídio mutante através da Feiticeira Escarlate em seu tempestuoso Dia M, onde 99% dos mutantes tiveram seu gene x obliterados, foi criado então o que conhecemos como Calvário — ou Sacrifício, como sugere a Panini.


X-MEN #7 (2019)

O Calvário nada mais é que uma forma dos próprios mutantes alquebrados pela Wanda, através de uma honraria em combate, conquistarem o direito de ressuscitarem mais cedo através dos Protocolos de Ressurreição, ter suas habilidades mutantes restauradas e se tornarem membros honrosos da sociedade de Krakoa.

O problema é que, o Calvário começou a se tornar um evento cotidiano na ilha mutante, e não mais uma cerimônia como havia sido apresentado em X-MEN #7 (2019), deixando Noturno — um dos mutantes mais benevolentes — um pouco conflitante sobre a natureza da cerimônia.


⊗ AS PROBLEMÁTICAS DO CALVÁRIO

Para o Noturno, o decoro final da plateia após o combate no Calvário é perturbador. Ver os mutantes comemorando a morte diante de um confronto mortal não era algo que Krakoa precisasse como povo, ainda mais para uma nova sociedade em ascensão.

Kurt temia que os combates se tornassem agressivos demais como era nos coliseus romanos dos gladiadores. O Dr. Nêmesis inclusive ao longo da primeira edição de WAY OF X, aponta justamente essa mesma problemática sobre sociedades violentas que se colapsam. Porém, o mutante tinha uma outra visão sobre o Calvário. Confira uma de suas anotações abaixo:


Como pudemos ver, Nêmesis acreditava que a sociedade krakoana não estava aproveitando costumes bárbaros humanos, mas sim celebrando e construindo costumes mutantes para uma sociedade mutante.

Essa diferença de pensamentos sobre o que é o Calvário tanto para Kurt quanto para o Doutor é algo que o roteirista Simon Spurrier já queria abordar desde muito cedo, pois naturalmente algumas pessoas iriam achar o Calvário legal, enquanto outras encontrariam problemáticas na sua estrutura. Porém, ele queria deixar claro que algo novo estava sendo construído ali.

“Como eu disse, nós realmente não queremos ir mergulhando na granularidade dos credos na história. Não estamos no negócio de tentar ofender, isso tudo porque WAY OF X foi anunciado como uma história sobre religião, rapidamente deixamos claro que não estávamos tentando fazer ninguém abandonar a sua fé por ela não ser a “certa”. Estamos aqui para fornecer uma conexão social aditiva, não uma substituição. Kurt consegue continuar católico, Nemesis consegue permanecer sendo um ateu proativo, etc, etc. A Grande Ideia é que todos eles se unem e discutam as várias camadas de Krakoa. Mas é, naturalmente, fascinante refletir sobre os conflitos, internos e externos, além das construções de novos costumes.”

Entrevista ao AIPT

Sabendo dessa perspectiva, é compreensível entender o porquê do Noturno ter achado o Calvário algo bárbaro. Ele, como um cristão, não se sentia bem em ver outros sendo confrontados até a morte daquela forma… Mas a morte não era mais um problema para os mutantes…

#XCURIOSIDADES: Aliás, é importante frisar que WAY OF X é uma HQ para lidar não apenas com a religião mutante, mas para abordar traços da nova cultura e também os conceitos envolvendo as leis de Krakoa.


⊗ O CALVÁRIO DE PERDIDA

A personagem Perdida (Marinette) foi inserida em WAY OF X logo na primeira edição como uma mutante alquebrada pela Feiticeira Escarlate que buscava redenção em Krakoa por meio do Calvário.

Seu corpo sofria de um ectomorfismo extenso natural por causa de sua natureza mutante, mas que vivia normalmente graças as suas habilidades gravitacionais. Como ela não tinha mais seus poderes, habitar em seu corpo era como sustentar dores a cada movimento, uma agonia crônica.


Perdida buscou ajuda em Noturno, que em meio aos seus próprio conflitos orientou ela a buscar outro mutante da ilha para ajudá-la a se realocar — por causa do seu nome mutante, ele achou que ela estivesse perdida. Porém, Kurt não havia percebido que a mutante na verdade queria pedir a ele que o mesmo fosse seu adversário no Calvário, justamente por ele ser gentil. Como ele a descartou, naquela mesma noite o responsável pelos combates era o Magneto, que era conhecido por exigir mais do solicitante.

Naturalmente, o combate entre Perdida e Magneto não era tão expositivo como o da Aero com o Apocalipse, na verdade, foi bem mais sangrento e propositalmente apelativo, afinal, aquela era a visão do Noturno, a forma como ele enxergava o Calvário.

Em determinado momento Marinette percebe Noturno na plateia, e então o questiona o porquê ele a dispensou, sendo que ela só queria passar pelo Calvário de forma mais tranquila, já que ela tinha esse direito de escolha e havia escolhido ele, justamente por ser gentil.

Kurt então se sentiu culpado por causar aquele breve sofrimento e parte para cima de Magneto, interrompendo o confronto. Nesse momento, o ego ferido do Noturno em não ter ajudado alguém que precisava fala mais alto. Porém, outro grande conflito é apontado aqui: o orgulho mutante.


Marinette se sente mal por ver o Noturno interromper o seu combate, a tratando como alguém inferior. Normalmente o Calvário tem sido apresentado como o ponto mais alto do orgulho mutante, é quando mesmo sem poder usar seus poderes, o mutante alquebrado orgulhosamente expressa o desejo do porque ele decidiu se submeter a cerimônia.

Desse modo, Perdida ergue seu corpo, mesmo sobre as dores do combate e de sua condição crônica atual, ela orgulhosamente expressa seu nome mutante para os presentes. Magneto entendendo aquilo, finaliza o combate reconhecendo sua bravura.


O sermão de Magneto no final é cirúrgico, ainda mais dentro do contexto com o Noturno segurando seu rosário, mas o que o incomoda de fato não são as palavras do Mestre do Magnetismo e sim da plateia de Krakoa comemorando a morte de Perdida, sabendo que agora ela será ressuscitada como ela merece.

Ao final da edição Noturno entende o que o Calvário representa para os mutantes, reconhece sua importância, e suas festividades, mas não concorda com a religiosidade que estava sendo criada em cima: a de jovens mutantes se matando para serem ressuscitados. Assim como Kurt, Tempestade também divide a mesma opinião que sobre a cerimônia.

Desse modo, Spurrier finaliza os questionamentos sobre o Calvário mas abre novas questões sobre as mortes dos mutantes. Esse tema, no entanto, abordaremos em outro artigo. Como WAY OF X tem explorado algumas falhas em Krakoa, iremos contá-las aqui no UX também.



Mas e você, caro leitor, qual a sua opinião atualmente sobre o Calvário? É algo necessário em Krakoa ou vocês consideram uma cerimônia conflitante, assim como o Noturno achava? Deixei seu comentário abaixo!

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