QUADRINHOS

E quando a intolerância vem da própria família!? A 1° Edição de “X-Men + Quarteto Fantástico” dá uma boa resumida!

Se você está acompanhando a nova fase dos mutantes nas HQs liderada por Jonathan Hickman, sabe que os portadores do Gene X deram a volta por cima, Kraroa virou uma nação mutante reconhecida pela ONU e eles estão numa vibe bem “Don’t fuck with my freedom”. Todos juntos, vilões e heróis mutantes, com o objetivo de fazer o Gene X prosperar e meter o medo nos humanos que os oprimiram desde sempre(e tá errado!?). Mas parece que a família de um mutante em especial não gosta muito da ideia de ter seu filho associado aos filhos do átomo. Para explicar, isso no entanto, saiba que há spoilers da primeira edição de “X-Men + Quarteto Fantástico”.

Algo bem claro nessa nova fase é que dessa vez os mutantes não estão mais se escondendo ou se reprimindo, pelo contrário, eles tem ORGULHO de quem são.

Se por um lado nós temos mutantes completamente desprezados tendo que aprender a sentir orgulho de quem são, do outro nós temos o Quarteto Fantástico, um exemplo de família tradicional, um casal renomado e bem sucedido e seus dois filhos, uma família amada por todos. E ainda que Franklin Richards, filho de Reed Richards e Sue Storm, seja um mutante nível ômega que pode manipular a realidade,  ele é extremamente amado e protegido por seus pais. Deu pra sentir a diferença? Deu pra sentir a diferença!?

Franklin é um mutante que teve a sorte e o privilégio de nascer em uma família rica, extremamente popular e que pode lhe oferecer proteção. Esse é um luxo que a maioria dos mutantes não compartilha. Essa proteção, no entanto, privou o jovem de se envolver ou tomar uma posição na luta dos mutantes e seus pais nunca lhe apoiaram pra isso, o que é normal já que, apesar de terem poderes, são humanos. (Se não estou enganado, o Quarteto nunca revelou publicamente que o filho de Reed e Sue era mutante). E nesse sentido, a 1ª edição de “X-Men + Quarteto Fantástico” chega afiada!

Nas ultimas HQs do Quarteto, é revelado que o poder de Franklin está se esgotando(ainda não se sabe o motivo). Franklin cresceu, está naquela fase rebelde da puberdade, Reed não consegue encontrar uma solução para manter os poderes do filho e ele anda bem frustrado. Sabendo dessa situação, o Professor X decide mandar os X-Men ao novo QG do Quarteto para recrutar Franklin. Um conflito se inicia, já que os pais do garoto não querem deixar o filho ir para Krakoa. É aqui que dá pra fazer um paralelo com o mundo real!

Quando Charles fala sobre o direito que Franklin tem em Krakoa e que ele deveria estar com os seus semelhantes, Sue resume tudo em “Segregação“. Basicamente, argumentando que os X-Men estão separando mutantes de humanos e que todos deveriam viver juntos. Sim, mesmo depois de um genocídio mutante. É aquele velho argumento de que “somos todos iguais”, bem usado para diminuir movimentos sociais e é normalmente dito por alguém nunca passou por preconceito ou intolerância.

No meio da confusão, Kitty/Kate Pryde leva Franklin pra dar uma volta, que decide que quer ir para Krakoa. No momento em que Franklin caminha em direção ao portal que leva a nação mutante, o Tocha Humana, seu tio, aparece bloqueando o caminho e dispara: “Que diabos cê tá fazendo!?Todos estão olhando!”. Aí o “somos todos iguais” caí por terra. Era como se de alguma forma, a família tivesse o garoto como seu pequeno segredinho e entrar em um portal para Krakoa(que só mutantes podem acessar) fosse uma vergonha para família. LGBTs passam por uma situação bem semelhante a essa, já que alguns familiares tem receio do que vai acontecer quando todos ficarem sabendo da orientação sexual do filho, neto ou sobrinho.

Enfim, no meio de um confronto dos X-Men com o Quarteto, Franklin corre até o portal, atravessa o mesmo, e para o choque de todos, nada acontece. Rapidamente, Reed explica que sabendo que o filho poderia se sentir tentado a ir para Krakoa, criou um dispositivo que mascara o gene mutante de Franklin e assim o mesmo fica sem acesso aos portais. Então aqui a figura paterna tenta de alguma forma, anular ou esconder o que tem de diferente no filho.

Não é que Reed, Sue, Johnny e Ben sejam intolerantes, mas eles tem a aquela opinião bem comum com relação aquelas pessoas que sofrem discriminação. Sue até explica a Reed que o que ele fez está errado e que eles não podem mudar quem Franklin realmente é. Na verdade, o papel do Quarteto aqui é muito bem pensado.

No final da edição, Franklin foge com sua irmã Valéria para Krakoa no barco dos Carrascos, já que não consegue acessar os portais. Kitty explica que eles não estão indo para Krakoa, na verdade, estão indo resgatar mutantes que sofrem opressão em seus países de origem. Talvez isso seja o pontapé para Franklin se envolver na causa mutante. Tudo bem que o Dr. Destino interrompeu a viagem no final, mas ainda não sabemos o que vai acontecer na próxima edição.

Depois de um começo bem intenso, só no resta esperar as próximas  3 edições da mini-série que promete ser um divisor de águas para Franklin Richards.