10 problemas dos filmes mais recentes dos X-Men
A retomada da franquia mutante a partir de X-Men: Primeira Classe (2011) contou com uma série de pontos positivos, porém, também teve alguns empecilhos no meio do caminho. Hoje, nós do Universo X-Men listamos 10 problemas da segunda fase do universo mutante no cinema.
⊗ FUROS DE CRONOLOGIA
Esse é um problema que passou a se tornar frequente na franquia a partir de X-Men Origens: Wolverine (2009), que estabeleceu uma nova versão do Dentes de Sabre como um personagem central para a trama, sem nenhuma explicação. Mas talvez possamos considerar este caso indiferente, já que o filme acabou sendo ignorado.
X-Men: Primeira Classe (2011) substituiu o solo do carcaju como prequela, mas ao invés de ser mais coerente com a trilogia original, acentuou ainda mais o problema. Então veio X-Men: Dias de um Futuro Esquecido (2014), que caiu como uma luva, já que criou uma linha temporal alternativa, o que permitiu que as continuações pudessem criar histórias sem grandes conexões com os primeiros filmes.
No entanto, o projeto seguinte, X-Men: Apocalipse (2016), decidiu apresentar, nos anos 80, uma versão adulta do Anjo, mutante esse que apareceu como um jovem adulto nos anos 2000. Embora a viagem do tempo permita que os personagens tenham suas datas de nascimento alteradas, pela lógica, isso vale apenas para aqueles que nasceram após 1973, ano em que o Wolverine foi para o passado.
⊗ FALTA DE PLANEJAMENTO
Um dos pontos positivos da franquia da Fox nos seus últimos anos certamente foi a liberdade criativa dada aos diretores, o que possibilitou projetos mais ousados, com tons e temáticas variadas, mesmo que nem sempre o resultado final fosse positivo. Mas é preciso espaço para experimentações.
Enquanto Deadpool (2016) deu lugar ao exagero e ao humor, com uma trama construída de forma não linear, Logan (2017) entregou um filme de estrada dramático. Novos Mutantes (2020) apostou no terror e Dias de um Futuro Esquecido trouxe um grande equilíbrio entre drama e ação, misturados com um tom um pouco mais sombrio. Já com Fênix Negra (2019), a proposta era um filme de ficção científica focado no drama psicológico.
O problema é que o estúdio pretendia criar um universo compartilhado, no entanto, os filmes não dialogavam entre si e muitas vezes se contradiziam. Wolverine Imortal (2013), por exemplo, foi apagado da cronologia um ano depois do seu lançamento. Logan, por sua vez, entra em atrito com Novos Mutantes, Apocalipse e Dias de um Futuro Esquecido.
Embora seja importante que as tramas funcionem sozinhas, diferente do que acontece no Universo Cinematográfico da Marvel (MCU), em que muitas vezes um filme só vale pelas pontas do que virá a seguir, ainda são necessários pontos de conexão.
⊗ SALTOS TEMPORAIS
A partir de Primeira Classe, cada filme da equipe principal foi ambientado em uma década diferente. Embora a escolha fosse justificada até Apocalipse, já que a intenção era introduzir os membros mais famosos do grupo (Ciclope, Jean Grey, Tempestade), mais um salto temporal não era necessário para Fênix Negra.
Além dos personagens envelhecerem pouco, também havia incoerência em relação ao desenvolvimento individual de cada mutante. Enquanto algumas coisas eram apressadas pela mudança dos anos, como relacionamento de Jean e Ciclope, outras estacionavam no mesmo ponto que os filmes antecessores paravam.
Por exemplo, em 10 anos, o Mercúrio contou para o Magneto que era seu filho? Se sim, por que Erik se importou apenas com o que Jean ter machucado a Mística? Em 30 anos, a Mística e o Fera não aceitaram suas aparências?
⊗ GANCHOS IGNORADOS
Outro elemento que infelizmente se tornou bastante comum foi a abertura de enredos que eram descartados no filme seguinte. Em Primeira Classe e Dias de um Futuro Esquecido, Magneto forma diferentes versões da Irmandade de Mutantes que nunca são vistas em ação.
Mística se transformou no Stryker para aparentemente resgatar o Wolverine, mas ele não conseguiu fugir dos experimentos. O conceito da Fênix apresentado em Apocalipse e Fênix Negra são diferentes, mas não há nenhuma explicação do motivo.
⊗ FOCO EM POUCOS PERSONAGENS
Talvez este seja o maior problema da franquia como um todo, não apenas dos filmes mais recentes. Na trilogia original, todos os personagens competiam por espaço com o Wolverine. Já na segunda leva de filmes, o quarteto Professor X, Magneto, Mística e Fera tomou conta das histórias. Apocalipse deveria representar a passagem de bastão, mas na prática não foi assim.
Preferiram criar todo um drama familiar para o Magneto, para justificar sua aliança com o vilão, sendo que suas motivações já haviam sido estabelecidas nos filmes anteriores. Enquanto isso, Tempestade, que estava tendo sua origem retratada pela primeira vez, foi posta de lado. Ela se torna seguidora e trai En Sabah Nur sem mais, nem menos, além de também não ter sido bem aproveitada nos momentos de ação.
Em Fênix Negra, novamente impera os dramas do quarteto de Primeira Classe, ao invés do desenvolvimento das relações de Ciclope, Jean, Noturno, Mercúrio e Tempestade como amigos e também como equipe. No final do filme, a gente supõe que o Scott se tornou o líder da equipe, mas sua jornada não é bem construída.
⊗ DESPERDÍCIO DE ELENCO
Esse é praticamente um complemento do item anterior. Em geral, a franquia montou um elenco com diversos talentos, porém, nem sempre esses nomes desempenharam papéis em que foram bem aproveitados, mesmo que tenham se dedicado.
Lana Condor e Olivia Munn, Jubileu e Psylocke de Apocalipse tiveram a maior parte das suas cenas deletadas. No caso de Munn é ainda pior, já que a atriz treinou para gravar a maioria das suas lutas, ao invés de usar dublê em quase todas.
O mesmo vale também para January Jones (Emma Frost), Zoë Kravitz (Angel Salvatore), Caleb Landry Jones (Banshee), Jessica Chastain (Vuk) e Oscar Isaac (Apocalipse).
⊗ EXPLICAÇÕES MIRABOLANTES PARA COISAS SIMPLES
Uma escolha criativa interessante no primeiro filme dos X-Men foi as partes brancas do cabelo da Vampira serem retratadas como cicatrizes, marcas permanentes do que a personagem vivenciou e um elo agridoce entre ela e o Magneto.
Porém, em outros momentos, explicações mais simples cairiam melhor. A calvice do Professor X e o cabelo branco da Tempestade foram explicados como frutos das ações do Apocalipse. Mas ao invés de agregar profundidade, essas decisões geraram mais dúvidas, pois os personagens já apresentavam essas características na trilogia original. E como sabemos, En Sabah Nur não havia retornado naquela linha do tempo.
⊗ AUMENTO DE ESCALA
Dias de um Futuro Esquecido apresentou as sentinelas Nimrod, máquinas assustadoras que caçam mutantes e que são praticamente invencíveis. Eram as maiores ameaças já vistas até então nos filmes.
Com o sucesso do longa e também para competir com as produções dos Vingadores e da Liga da Justiça, os produtores decidiram aumentar cada vez mais a escala de perigo na saga principal para atrair atenção do público, mesmo que a narrativa ficasse comprometida.
Apocalipse, que poderia render como antagonista por vários filmes, foi escolhido como a principal ameaça da história de origem da “segunda classe”, sendo facilmente derrotado por adolescentes inexperientes. Em seguida, foi a vez de subir a dose ainda mais, com um inimigo com poder capaz de ameaçar todo o sistema solar, transformando mais uma vez Jean Grey na Fênix Negra, mesmo que a nova versão da personagem ainda fosse muito jovem.
⊗ UNIFORMES
Embora dividam a opinião de fãs mais extremistas, os uniformes pretos da trilogia original fizeram bastante sentido na época e se encaixaram como uma luva com a história que foi apresentada, já que os X-Men atuavam escondidos, então precisavam ser o mais discretos possíveis.
No entanto, além do fator espionagem ter desaparecido na segunda leva de filmes, o contexto também mudou, com os filmes da DC e da Marvel apostando em trajes individuais.
Obviamente, existia o desafio de diferenciar a franquia X das demais, porém, o time criativo parece não ter tomado cuidado o suficiente para a estética não soar ultrapassada. Enquanto Apocalipse retratou o excesso de cor e o exagero dos anos 80 na maior parte do tempo, os personagens vestiram trajes pretos extremamente genéricos.
No final do filme, os mutantes ganharam uniformes oficiais que retratavam a individualidade de cada personagem. Porém, na sequência, os trajes foram substituídos por roupas mais simples, que pareciam sem graça em comparação, ao invés de soarem como uma modernização.
⊗ HISTÓRIAS ANDANDO EM CÍRCULOS
Ao mesmo tempo em que havia interesse dos realizadores em tornar os filmes da linha principal atrativos para o público, a partir do aumento das ameaças, alguns enredos foram repetidos à exaustão, ao ponto de parecer que as histórias não progrediam.
Por mais que as produções apresentassem novos vilões, o Mestre do Magnetismo acabava roubando espaço, já que sempre assumia o papel de antagonista em algum momento (e depois mudava de ideia).
Como sempre estavam lidando com as mesmas coisas, alguns personagens começaram a soar como caricaturas. Além disso, era um apego tão grande, em casos como o Magneto e da Mística, que tiravam espaço de outros personagens para trazê-los de volta, mesmo que não tivessem nada significativo para fazer na trama e pudessem facilmente ficar pelo menos um filme sem aparecer.
E claro, não podemos esquecer da necessidade de recontar prematuramente a história da Fênix, passando a ideia de que esse era o único grande arco da equipe e único drama possível para desenvolver a Jean Grey.
E aí, caro mutante, lembra de mais algum ponto negativo nos últimos filmes? Conta pra gente!