10 Coisas criadas por Claremont que deixaram os X-Men MUITO melhores
Durante os quase 60 anos de história dos X-Men, muitos escritores icônicos roteirizaram histórias marcantes nas HQs dos mutantes. Nomes como Stan Lee, Grant Morrison, Joss Whedon, Louise Simonson, Gail Simone, Jonathan Hickman dentre muitos outros fizeram histórias incríveis com os mutantes. Contudo, é possível dizer que nenhum deles contribuiu tanto para a essência dos mutantes que conhecemos hoje como Chris Claremont. Esse ano, “Deus Ama o Homem Mata”, uma de suas histórias mais icônicas completa 40 anos. E em homenagem a ele, trazemos uma lista com 10 (das inúmeras) contribuições de Claremont que melhoraram as HQs dos mutantes.
Vale apontar que essa é uma lista opinativa, assim, há a possibilidade de que você não concorde com nossa opinião. Nessas situações sempre incentivamos o debate na área de comentários.
⊗ 1. Deus Ama o Homem Mata
Começando com a aniversariante do ano, aqui temos uma HQ que mudou muita coisa com relação aos quadrinhos dos mutantes. Deus Ama o Homem Mata é uma graphic novel de 1982, que inicialmente não era canônica. A importância dela para os quadrinhos dos X-Men se tornou tão grande, que ela simplesmente foi inserida na linha do tempo dos quadrinhos dos X-Men, mesmo que originalmente deveria ser uma história alternativa.
Deus Ama o Homem Mata possui uma história de premissa bastante simples, os X-Men enfrentam o discurso de um religioso fanático e todos os males que ele pode causar. Contudo, dentro dessa simplicidade, Claremont conseguiu reunir tudo o que se tornaria a essência dos X-Men. É nessa HQ onde a batalha de ideias se torna mais importante do que as batalhas físicas. Nela, a alegoria do racismo e da discriminação é utilizada de forma tão clara que mesmo as pessoas mais ingênuas conseguem perceber. É nessa HQ onde os X-Men se juntam a Magneto e percebemos pela primeira vez o comparativo entre Charles e Erik que representavam de certa forma Martin Luther King e Malcolm X respectivamente.
Essa HQ apresenta um vilão marcante, mostra o quanto o ódio a minorias é prejudicial, apresenta um relacionável de Magneto e traz questionamentos ainda atuais. Tanto, que ela serviu de inspiração para um daqueles que é considerado o filme favorito dos fãs, X-Men 2.
⊗ 2. Fênix e a Saga da Fênix Negra
Originalmente, a primeira classe dos X-Men se trata de Ciclope, Jean Grey, Anjo, Fera e Homem de Gelo. Esses 5 são os primeiros alunos de Xavier e aqueles que iniciaram o legado que se tornaria o sonho de Xavier. O fato de a equipe ser criada em 1963 trouxe consigo alguns vícios e problemas da época, a falta de representatividade e machismo sendo alguns deles. Jean Grey era uma personagem relativamente fraca, constantemente sendo resgatada e seus poderes algumas vezes eram úteis apenas para tarefas domésticas. Mesmo após a adição de novos membros, Jean seguiu sendo uma das mais fracas, mas Claremont mudou tudo isso.
A Saga da Fênix e da Fênix Negra com roteiro de Chris Claremont e artes de John Byrne trouxeram algo incrível não só para a personagem, mas para os quadrinhos dos X-Men. Junto de Dave Cockrum Claremont criou aquela que se tornaria um dos seres mais poderosos de toda a Marvel, a Força Fênix. Ao se tornar hospedeira dessa entidade cósmica, Jean Grey se firmou como uma das mutantes mais poderosas existentes. Com sua possessão, os fãs ganharam uma história sobre amor e abnegação, que mostra como até a mais amável das pessoas pode se corromper diante dos estímulos “certos”. O acerto de Claremont nessa saga é tão grande, que ela até hoje é referência nas mais variadas mídias da cultura pop.
⊗ 3. Kitty Pryde
Se durante os anos 80 tivemos a Saga da Fênix Negra, durante essa saga tivemos a introdução daquela que se tornaria uma das X-Women mais importantes da Marvel. Kitty Pryde foi introduzida em Fabulosos X-Men 129, primeira edição da saga, ela trouxe para os fãs uma perspectiva nova do que é ser mutante, de uma adolescente e não de um jovem adulto.
Kitty é uma personagem que tem o papel de protagonista em muitos momentos icônicos da história dos X-Men. Já foi líder de equipe, protagonista de Dias de um Futuro Esquecido, já salvou o planeta Terra de uma bala gigante e recentemente, assumiu papel importante no conselho de Krakoa. Ao criá-la junto com John Byrne, Claremont trouxe uma personagem incrível para as HQs.
⊗ 4. Aprofundamento de Wolverine
Wolverine é uma criação de Roy Thomas, Len Wein e John Romita, aparecendo pela primeira vez em Incredible Hulk #180. O Carcaju se uniria aos X-Men na segunda gênese a partir de Giant Size X-Men #1. Contudo, foi nas mãos do genial Chris Claremont que Logan se tornou a mina de ouro da Marvel Comics, virando um dos mutantes favoritos do público.
A maioria dos elementos que tornam Wolverine tão popular e querido surgiram enquanto o personagem estava sob a tutela de Claremont. O interesse por Jean Grey, a rivalidade com Ciclope, as garras saindo da pele (ideia de Dave Cockrum) e não da luva, o passado sombrio e sua raiva. Junto do também icônico Frank Miller, Chris escreveu a minissérie de 4 volumes (que também completa 40 anos esse ano), que explorou o passado de Wolverine e a história dele com Mariko no Japão. História essa, que transformaria Vampira em uma X-Woman respeitada pelo próprio Logan.
⊗ 5. Tornou Magneto relacionável
“Magneto estava certo”! Kid Ômega jamais poderia vestir uma roupa com esses dizeres sem a contribuição de Chris Claremont para o personagem. Isso porque a princípio, Magneto era o vilão no mais clássico sentido da coisa. Maldoso, supremacista, preconceituoso e muitas vezes chamado de “Hitler mutante”, Erik Lehnsherr não tinha algo que o tornasse relacionável. Pelo menos não até Claremont criar.
Foi da cabeça de Claremont que surgiu todo o passado de Magneto como um judeu sobrevivente do holocausto. Foi ele quem inseriu a profundidade no personagem que o tornou relacionável. Com uma história bem contada, o público passou a entender muito mais o personagem e até mesmo concordar com suas filosofias e motivações. Sem Chris Claremont, o contraponto válido de que a mutandade precisa lutar talvez não fosse tão bem estabelecido.
Essa mudança no vilão aconteceu em Em Uncanny X-Men #150, escrita por Claremont e desenhada por Dave Cockrum. Magneto fere Kitty Pryde e percebe que ela é judia, assim como ele. Isso desencadeia uma série de gatilhos e arrependimentos no mutante, que se torna muito mais relacionável e interessante.
⊗ 6. O Império Shi’ar
A relação dos X-Men com extraterrestres é extensa, isso porque se procurarmos “X-Men” e “aliens” no google encontraremos mais de uma dezena de raças. Ainda assim, nenhuma tem uma delas tem uma relação tão forte com os mutantes quanto os Shi’ar. Essa raça de alienígenas e toda a contribuição deles para a mutandade positiva ou negativamente é uma cortesia de sir Claremont.
Composto por personagens como Lilandra e a Guarda Imperial, os Shi’ar apareceram pela primeira vez em 1976 e desempenharam papéis cruciais na vida dos X-Men. Lilandra e Xavier se apaixonam e formam um casal. Foram os alienígenas que colocaram Jean Grey em julgamento por causa das ações da Fênix. D’Ken matou a mãe de Ciclope e seu irmão, Vulcano, foi criado no planeta dos aliens. Esmagadora, esposa de Míssil é uma dos membros da Guarda Imperial, o casal inclusive tem um filho. Graças a Claremont, essa relação as vezes positiva, as vezes negativa dos X-Men com os Shi’ar continuará se expandindo.
⊗ 7. Mística, Vampira e Sina
O tópico sobre as mulheres poderosas que Claremont criou será um dos próximos, ainda assim, nesse separamos um trio extremamente interessante. Isso porque além de trazer mulheres fortes para a equipe dos heróis, o quadrinista fez também vilãs fortes, e nesse caso, uma família. Mística surgiu em 1978, mas foi em 1981 que as coisas mudaram para sempre.
No início dos anos 80 tivemos a introdução de Vampira as HQs, foi nesse surgimento que ela roubou os poderes da Miss Marvel e derrotou sozinha a equipe dos Vingadores. Posteriormente, a jovem pediria ajuda a Charles Xavier, seria aceita no instituto e ao salvar Wolverine, ganharia o respeito da equipe se tornando uma das X-Women mais queridas.
Sina também foi introduzida em 1981, criada originalmente para ser a mãe de Noturno assim como Mística, a precognitiva Irene Adler se mostrou uma vilã extremamente interessante. Com o decorrer dos anos, a dupla de vilãs/anti-heroínas se mostrou um dos melhores casais da Marvel, desempenhando papel crucial não apenas em uma, mas duas sagas incríveis, sendo uma delas, a recente Inferno de Jonathan Hickman. A segunda falaremos logo abaixo.
⊗ 8. Dias de um Futuro Esquecido
A dupla Chris Claremont e John Byrne se mostrou uma combinação explosiva quando se trata de criar clássicos dos X-Men. Com Dias de um Futuro Esquecido isso não poderia ser diferente. Essa é uma história de apenas duas edições, mas é tão bem escrita e com um enredo tão interessante, que mesmo após mais de 40 anos de seu lançamento, ela continua sendo uma referência.
A história apresenta um futuro distópico, coloca Kitty Pryde como protagonista, da destaque para Rachel Summers, vemos Mística e Sina desempenhando um papel crucial na trama. Isso, provando que uma equipe sem os populares Jean Grey e Ciclope poderia funcionar. A contribuição de Dias de um Futuro Esquecido para as histórias dos X-Men é tanta, que essa terra alternativa continua sendo visitada até hoje. Além disso, a história serviu de inspiração para o filme dos X-Men que possui o maior sucesso de crítica e público, X-Men: Dias de um Futuro Esquecido.
⊗ 9. As poderosas mulheres da Marvel
Chris Claremont criou uma variedade imensa de personagens masculinos que se tornaram icônicos nos quadrinhos dos X-Men. Para citar alguns poucos, poderíamos citar Rei das Sombras, Míssil, Cifra, Dentes de Sabre, Sebastian Shaw, Pyro, Legião, Nimrod, Proteus, Mancha Solar, Sr. Sinistro, Gambit e muitos outros. Acontece que além dos personagens masculinos, que são a maioria nas outras HQs, Claremont criou uma gama imensa de personagens femininas que são amadas.
Não é necessário citar a importância de cada uma dessas personagens, mas se prestarmos atenção em alguns dos nos nomes, veremos o quão grandiosa é a contribuição de Chris para as personagens femininas da Marvel. Claremont é criador ou co-criador de: Emma Frost, Vampira, Psylocke, Kitty Pryde, Mística, Sina, Mariko, Selene, Syrin, Jubileu, Rachel Summers, Madelyne Pryor, Lilandra, Miragem, Lupina e Karma. Isso sem falar que apesar de ter aparecido primeiro em Giant Size X-Men de Len Wein e Dave Cockrum, é dele também a HQ que apresenta a primeira aparição de Illyana Rasputin como Magia. A contribuição do quadrinista para algumas das mais populares e interessantes personagens femininas é imensa. Muito do que se moldou da Tempestade após sua criação nos anos 70, também é trabalho de Claremont, visto que a primeira passagem dele nos quadrinhos da Marvel durou 16 anos (1975 a 1991).
⊗ 10. Moira MacTaggert
Outra personagem que é criação de Chris Claremont e que propositadamente omitimos do item anterior, se trata daquela que é uma das maiores “vilãs” dos mutantes atualmente, Moira MacTaggert. Ela estreou nos quadrinhos nos anos 70, desde então a presença dela nos quadrinhos dos mutantes está sempre garantida de uma forma ou de outra.
Ela foi um interesse amoroso de Charles Xavier e Banshee, fundou o centro de pesquisa mutante na Ilha Muir, resgatou e adotou Lupina, desenvolveu uma cura para o Vírus Legado, é mãe de Proteus e por muito tempo foi uma das únicas aliadas humanas dos mutantes. A importância e o impacto de Moira para a história dos X-Men é tão grande, que foi ela a escolhida para sofrer um dos mais interessantes retcons dos quadrinhos. Jonathan Hickman reinventou a personagem e utilizou toda a ligação dela com os mutantes para revelar que ela também é uma mutante, transformando-a numa espécie de vilã da mutandade.
A criação da Moira permitiu que Hickman revitalizasse toda a franquia. A fundação da Nação de Krakoa revelada em Dinastia X e todas as histórias que se seguiram só são possíveis, pois Claremont criou essa personagem nos anos 70. Hickman claro, poderia ter escolhido outro personagem para ser a pessoa a reencarnar, mas quase nenhum se encaixaria tão bem como Moira se encaixou.
Chris Claremont possui inúmeras contribuições para as histórias dos X-Men. Tantas, que seria impossível que nós conseguíssemos colocar todas elas em apenas um texto. Ainda assim, tentamos selecionar algumas das que são mais relevantes. Afinal, você concorda com a nossa lista? Diga o que pensa nos comentários.