Entenda quem foi o responsável por boicotar os X-Men por tantos anos
Issac “Ike” Perlmutter é o ex-presidente da Marvel Entertainment e o responsável por todos os boicotes causados aos X-Men!
Quem hoje vê os X-Men a frente dos materiais de publicidade da Marvel Comics não imagina o nível de descaso que a empresa teve com esses personagens há 5 anos atrás. Tudo porque o domínio criativo e de uso dos personagens para as suas versões cinematográficas não estavam em posse da Marvel Studios, e sim da falecida 20th Century Studios – A FOX Films.
Então caso queira entender o que houve com esses personagens e como eles chegaram aos favoritismo novamente, tanto nos quadrinhos como futuramente será nos filmes da Marvel Studios, você chegou ao lugar certo.
× A FALÊNCIA DA MARVEL
Para começar a ler esse artigo, é importante que você, caro leitor, entenda como foi o processo de divisão da Marvel Comics no passado, lá em 1993. Issac “Ike” Perlmutter fazia parte da Mesa Executiva, e sendo um homem habilidoso em negociações de ativos e um grande empresário das linhas de merchandising, soube usar bem as propriedades de brinquedos da ToyBiz – junto com o Avi Arad – durante o processo de falência do Marvel Group.
Por conta disso, ele conseguiu segurar as pontas em um dos momentos mais fatídicos para a Marvel. Dessa forma, participou ativamente da divisão dos direitos cinematográficos dos personagens, vendendo-os aos estúdios da Fox Films, Universal, LionsGate Entertainment e Columbia/Sony Pictures. Em 2001, tornou-se vice-presidente da Marvel Entertainment.
O motivo pelo qual Ike comprou uma parte da Marvel no passado foi a possibilidade de venda de brinquedos licenciados dos personagens da Marvel Comics. Após a venda “bem sucedida” dos direitos cinematográficos aos estúdios já citados, a Marvel, como um todo, ao longo dos anos, conseguiu se recompor. E dessa nova fase, surgiu a Marvel Toys. Ike é o dono da Marvel Toys – empresa responsável pelos bonecos da marca, e é daí que vem boa parte dos lucros e o cerne de toda a história. Se bonecos são vendidos, filmes poderão ser feitos.
Ike, como todo executivo, tinha grandes planos para a Marvel e conseguiu financiamentos para dar início ao primeiro filme do Homem de Ferro, em 2008. Com o sucesso do filme, ele começou a colocar em ação os planos a longo prazo que a Marvel Entertainment tinha para erguer novamente a empresa.
× O MONOPÓLIO DE IKE
A Marvel conseguiu se reerguer com o dinheiro arrecadado com o merchandising do MCU. Como era uma empresa “pequena”, tinham um acordo com a Paramount para distribuição dos filmes, e grande parte do lucro ficava com ela. O real lucro da Marvel era oriundo da Marvel Toys, por isso ela foi o real divisor nas decisões da empresa.
Com o sucesso do filme do Homem de Ferro, a venda de brinquedos do personagem e as ações da Marvel Toys subiram exponencialmente, e desses novos planos surgiu a Marvel Studios. Sendo agora um dos pilares principais da Marvel Studios, Ike tinha total poder sobre as decisões dos filmes, mas eventualmente deu início aos vários problemas de achismos e de ódio disfarçado de opinião contra alguns personagens, onde ele chegou a decretar que o filme da Viúva Negra seria um total fiasco.
Sabendo das baixas vendas de brinquedos com personagens femininas, Ike impediu a existência de projetos de filmes solos protagonizados por mulheres. Sem essa interferência, filmes como Capitã Marvel e Viúva Negra poderiam ter saído muito mais cedo. Ele também barrou a existência de uma vilã em Homem de Ferro 3, onde os roteiristas tiveram que adicionar um antagonista masculino para rivalizar com Tony.
Apesar do Homem de Ferro ser a cabeça principal do MCU, no merchandising dos brinquedos, o nome da vez era o do Capitão América. Por isso, até o fim da primeira fase e início da segunda, o personagem passou a ganhar maior foco na Marvel Studios.
É importante frisarmos que para ganhar filmes, seus personagens tinham que vender brinquedos. Sem venda de brinquedos, sem novos filmes daquele personagem
× O INÍCIO DE TUDO
Kevin Feige, que havia sido contratado pelo Marvel Group como produtor-executivo no início do MCU, começou a ganhar muito destaque na empresa por conta do excelente trabalho que estava fazendo ao costurar todos os filmes em um incrível universo compartilhado.
Em meados de 2015, foi divulgado por emails vazados entre Ike (Marvel), Ari (Sony) e Lauren (FOX) que o “Marvel Group” tinha inúmeras possibilidades para seguir, afinal, personagens como Demolidor, Elektra, Motoqueiro Fantasma e outros começaram a voltar para os braços da Marvel Studios, devido ao fim do acordo com os estúdios para os quais haviam sido vendidos. Afinal, para continuar com os personagens, era necessário usá-los, senão, após o fim do contrato os personagens retornariam para a Marvel.
Por causa disso, decidiram dividir o Marvel Entertainment/Marvel Group em 3 empresas distintas:
- A Marvel Studios – Ou MCU – que lidava com a produção e distribuição dos filmes do próprio estúdio;
- A Marvel Television – Que lidava com todas as produções e distribuições de séries e conteúdos para os canais Disney ou de fins televisivos;
- A Marvel Entertainment – Que antes englobava todas as empresas, mas agora seria voltada aos quadrinhos, jogos, merchandising e outras mídias.
Não só isso, mas como a Marvel agora havia se dividido, foi necessária a criação de novos cargos para a presidência das diferentes empresas. Foi neste processo que Kevin Feige se tornou o presidente da Marvel Studios e passou a ter total liberdade dentro do universo cinematográfico, algo que ele e os seus produtores desejavam.
Jeph Loeb, cujo trabalho na antiga Marvel Entertainment se assemelhava ao de um vice-presidente, passou a assumir de vez a Marvel Televisions.
Como nem tudo são flores, Ike Perlmutter se tornou o presidente da Marvel Entertainment, e deu início ao verdadeiro “Massacre dos Mutantes”.
× DEU TUDO ERRADO
Antes da divisão das empresas, Ike já estava na cola de Kevin Feige para que ele assumisse uma produção dos Inumanos, por considerar que eles tinham “potencial cinematográfico”. Isso serviu apenas para aumentar a rixa que ambos já tinham. O que ninguém sabia é que Ike havia tentado fazer uma troca com a Fox, onde ofereceu Demolidor e Elektra (e seus universos) em troca de dois personagens: Surfista Prateado e Galactus. A Fox se negou e, inclusive, começou a pré-produção de um novo filme do Quarteto Fantástico. Ike considerou isso um tremendo absurdo e decretou, por volta de 2012 e 2014, que todos os personagens que estavam em posse da Fox não poderiam ganhar destaque em mídia nenhuma.
Com as novas presidências, o veto a esses personagens se tornou ainda mais grave. Kevin Feige, querendo tirar o problema “Inumano” de sua cola, cancelou o filme da equipe e passou o projeto para a Marvel Television, agora presidida por Jeph Loeb, com quem ele também tinha uma rixa. Loeb foi o responsável por criar a série dos Inumanos que conseguiu receber críticas extremamente negativas, não só de críticos especializados como também do grande público – e no fim a série nem chegou a fazer parte do MCU.
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Como ninguém estava aceitando a nova política na “Marvel Comics“, vários autores e designers se manifestaram contra o Presidente e o editor-chefe Joe Quesada segurou a bronca, mantendo o Quarteto Fantástico e os mutantes em segundo plano, reduzindo o número de edições publicadas e a qualidade das histórias.
No entanto, o Ike não queria ver os personagens do Quarteto Fantástico e dos X-Men em mídias nenhuma. Nesse mesmo período, os mutantes passaram a ganhar uma certa vilania nos quadrinhos e vários outros problemas de exclusão e marginalização, e ao mesmo tempo, os Inumanos foram ganhado maior peso nas histórias e se tornando protagonista de várias outras. Logo no primeiro ano mataram diversos X-Men, inclusive Wolverine. Por outro lado, a galera do Quarteto Fantástico – que teve a sua mensal cancelada – estava protagonizando uma história (Guerras Secretas) que ao fim dela, eles sumiram dos quadrinhos por quase 4 anos.
Além dá não visibilidade aos mutantes, ficou deliberadamente proibido a produção de novos mutantes ao Universo Marvel, afinal, todo mundo que era criado, passava a ser exclusivamente da propriedade da FOX Films.
× A QUEDA DOS MUTANTES
Nesse período o boicote a esse grupo de personagens era tão evidente, que tivemos mutantes removidos de vários jogos famosos como Marvel vs Capcom e Marvel Avengers Alliance 3. Além disso, em outras mídias de jogos poucos personagens mutantes que apareciam ou eram programados para serem naturalmente fracos ou indiferentes para o gameplay. Não houve a produção de novos brinquedos desses personagens também, fábricas de action figures cancelaram e barraram a produção de mutantes ou de qualquer linha de produto para merchandising.
A preferência absurda de Ike nos Inumanos era para adaptá-los e transformá-los em uma equipe popular e produtiva como os X-Men. Equipes de heróis geram mais produtos e mais lucros. Assim os Inumanos contentariam a falta dos X-Men e poderiam se tornar uma grande franquia. Deu certo? Não.
O que houve com Feiticeira Escarlate e Mercúrio nos quadrinhos – tirando a mutandade deles – foi uma tentativa de impedir a FOX Films de conduzir esses personagens em suas histórias, ao mesmo tempo que era uma tentativa do Ike ter total acesso a esses personagens, que tiveram seus direitos divididos entre os dois estúdios por serem mutantes mas terem maior atividade nas equipes dos Vingadores – marca essa que ganhou um “BOOM” absurdo nos status quo dos quadrinhos após a produção dos filmes.
Além de não serem mais mutantes, Wanda e Pietro também não podia ter interações com os personagens que estavam em posse da FOX Films, e se tivesse, teria que ser uma interação mínima. Por isso eles não podiam nem mesmo serem citados entre si.
A campanha de divulgação da Marvel contra esses personagens estava tão evidente, que até mesmo de fora do painel comemorativo da Marvel de 2015 eles ficaram. Onde apresentava todos os personagens principais da Casa da Ideias, mas não havia nenhum mutante ou membros do Quarteto Fantástico.
Vale citar que, durante esse período diversas produções da Marvel Entertainment e da Marvel Television estavam indo de mal a pior, onde todas as decisões de Ike e do Jeph estavam emplacando fracassos após fracassos onde no fim de 2018 até o decorrer de 2019, estava sendo conversado a hipótese dos dois saírem da presidência de suas devidas divisões.
× A DINASTIA X
E não deu outra, em 2019, Bob Iger – que é o Presidente e CEO da The Walt Disney Company – elevou o cargo do Kevin Feige, o único dos presidentes da Marvel que estava emplacando sucessos. E com isso, Feige passou a ser o presidente não só da Marvel Studios, como também da Marvel Television e da Marvel Entertainment, onde todas as decisões criativas seriam tomadas, aprovadas e aplicadas por Kevin Feige.
E essa mudança foi tão importante, que quase de imediato os X-Men e o Quarteto Fantástico na primeira oportunidade já estavam liderando as vendas e a frente dos quadrinhos novamente. Várias séries foram anunciadas para o Disney+ e, principalmente, a inclusão voltou a fazer parte da Marvel.
Enquanto Kevin Feige visava diversidade e inclusão, Ike impedia a todo custo que personagens de minorias – negros, queer ou de outras nacionalidades como os asiáticos – ou mulheres ganhassem filmes e tivessem produtos divulgados, Jeph estava fazendo a mesma coisa em sua área. Se procurarmos na internet facilmente iremos encontrar inúmeras declarações de pessoas que trabalharam com eles dizendo os vários comentários preconceituosos que escutavam. Jeph sendo totalmente homofóbico e xenofóbico, enquanto que Ike sendo machista e racista.
Kevin Feige teve tanta “sorte” em sua ascensão a presidência da Marvel como um todo, que até mesmo os X-Men e o Quarteto Fantástico voltaram para a Casa das Ideias no mesmo ano em que ele assumiu a cadeira principal.
Hoje estamos tendo os X-Men no topo de tudo novamente, fazendo interações com os outros personagens da Marvel Comics e assumindo o comando geral das histórias, por outro lado não é diferente no merchandising, com vários action figures e estatuas dos mutantes sendo aprovadas. No mês passado por exemplo, diversos action figures dos personagens dos filmes foram liberados para as vendas.
× O QUE SERÁ QUE VEM AÍ?
Se Jonathan Hickman tem a oportunidade de trabalhar com os X-Men dessa forma hoje, é porque o Feige deu total liberdade aos mutantes. E como os Filhos do Átomo serão o personagens principais da Marvel Studios durante as fases 4 e 5, fazer toda essa nova escalada deles nos quadrinhos e trazer os mutantes a glória é uma jogada pra fazer o grande público voltar a conhecer esses personagens.
É importante citar por exemplo, que a relação dos gêmeos Maximoff com os mutantes novamente é algo recente justamente por conta da liberdade concedida por Feige. E a depender do progresso atual, é capaz deles até voltarem a fazer parte da mutandade novamente, e tem “vários indícios” que indicam isso.
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Por mais que Joph Loeb e Ike Perlmutter tenha causado vários tumultos negativos contra esses personagens na Marvel, foi Ike sozinho o responsável por causar todo o boicote aos mutantes. Se durante a era do boicote tínhamos apenas 3 títulos ativos, hoje tem 14 sendo publicados e mais 4 a serem planejados.
Felizmente os mutantes terão muitos ativos nos próximos anos, e muitas coisas boas virão aos fãs dos mutantes. Se antes tínhamos a incerteza do que podia acontecer aos nossos personagens queridos, hoje podemos ter a certeza de que os X-Men estão se encaminhando a uma nova Era de Ouro.
Mas e vocês, sentiram o impacto causado por esses boicotes? Perceberam essas mudanças nas histórias dos mutantes? Deixe o seu comentário abaixo e relate suas frustrações.
A construção desse artigo foi feita com base em inúmeras fontes, vocês podem conferir nos links a seguir: 1, 2, 3, 4 e 5.