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10 Problemas de Fênix Negra!

Fênix Negra estreou e não foi muito bem recebido pela crítica e pelo público. É a menor bilheteria da franquia desde a sua estreia no ano 2000. Então surge o questionamento: por que as pessoas não gostaram do filme? Nessa lista iremos tentar apontar e destrinchar alguns dos problemas que observamos no longa. E é claro que não precisamos citar o Fera e a Mística novamente abandonarem o discurso de “Mutante e Orgulhoso” apresentando em Primeira Classe (2011) e nunca aceitarem totalmente a sua forma mutante, insistindo em aparecerem na forma humana sem que haja uma justificativa no roteiro e muito menos o fato de Raven ser a líder da equipe.


Vamos a lista:

× 1. Era cedo demais para contar a história da Fênix Negra
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Talvez esse seja o maior problema do filme, que já surge errado na sua concepção, ao tentar levar novamente para o cinema a icônica saga dos quadrinhos logo após a nova versão da Jean Grey ser apresentada ao público, que não teve tempo de criar o afeto necessário para se importar com o que possa acontecer com ela na história. Um dos slogans do filme diz “Uma Fênix surgirá e os X-Men cairão“. Qual o sentido de mostrar a queda e a ruína dos X-Men sendo que eles surgiram nos dois minutos finais do último filme? Não vimos a equipe em seu auge.

O diretor e roteirista Simon Kinberg em entrevistas argumentou que o público já estava acostumado com esses personagens, pois os conhece desde os primeiros filmes. E esse é um problema. O público estava habituado com o elenco apresentado nos filmes iniciais e não com a versão mais jovem desses personagens. Era preciso vê-los crescendo e evoluindo antes de vê-los desmoronando.


× 2. Os poderes da Jean Grey
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E por falar em acompanhar o seu crescimento, a falta de desenvolvimento da Jean Grey é outro problema. Nós sabemos que a mutante possui poderes telecinéticos e telepáticos, mas não sabemos qual é a real extensão deles e quais são as suas limitações. O roteiro nos diz que o encontro com a Força Cósmica a deixou mais forte. Mas nós não sabemos realmente o que ela era capaz de fazer antes e o que ela passou a conseguir fazer depois de absorver esse poder. A diferença parece ser apenas estética, pois ela passou a contar com rachaduras pelo rosto e pelo corpo, olhos laranjas, cabelo esvoaçante e fogo rosa ao seu redor. E antes que alguém cite que ela reduziu os alienígenas à pó, não foi exatamente isso o que ela fez com o Apocalipse?


× 3. Ignora Apocalipse
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Em X-Men: Apocalipse nós vemos o confronto de Jean Grey com um poder que existe dentro dela e que lhe causa medo. “Um poder sombrio está crescendo dentro de mim, como uma chama“, diz a mutante em dado momento. Em um pesadelo ela sonha com destruição causada por fogo. E nós sabemos que não era um pesadelo relacionado ao En Sabah Nur. No final do filme, ela libera todo o seu poder, que se manifesta através de olhos vermelhos e na forma de um pássaro de fogo. Uma clara referência à Fênix.  E Fênix Negra ignora isso ao mostrar a Força Fênix como algo que entra em contato com ela no espaço.

Embora todos os fãs tenham gostado de ver o pássaro de fogo, Apocalipse também foi precoce ao apresentar a mutante já ligada à Fênix em sua juventude, sem desenvolver primeiro a personagem de forma independente. Mas todos entendemos que isso era um foreshadowing, um prelúdio do que veríamos ser construído e desenvolvido nos próximos filmes. E que eventualmente descobriríamos que a destruição do pesadelo seria causada por ela.  Mas foi totalmente ignorado.


× 4. A mutante mais poderosa?
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A premissa básica da história é a de que Jean Grey ao se ligar a essa força misteriosa obteve poderes próximos ao de uma divindade, se tornando a criatura mais poderosa do planeta e, é claro, a mutante mais poderosa. Mas qual momento do longa nos mostra que ela realmente é a mais poderosa? A sua maior demonstração de puder é levitar um trem. Minutos antes, no mesmo filme, nós vimos Eric levitar um vagão de metrô. E ao longo dessa quadrilogia pudemos assistir várias demonstrações em larga escala do poder de Magneto: controlar um submarino, deter mísseis, levitar um estádio pela cidade e controlar os pólos magnéticos da Terra. Comparando as duas performances, nenhum feito de Jean faz ela parecer mais poderosa do que ele em escala, mesmo que ela o tenha ganhado vencido em um confronto. Aqui, a comparação com o mestre do magnetismo se deve ao fato de que ela poderia fazer com a telecinese a maior parte das coisas que já vimos ele fazendo.


× 5. Ela poderia estar morta
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Durante a missão de resgate no espaço, que acontece no começo do filme, Noturno não consegue voltar para buscar Jean Grey a tempo e a mutante é atingida por uma força cósmica, que até então eles acreditam se tratar de um raio solar. Por sorte, ela consegue sobreviver.

De volta a Mansão X, o incidente no espaço se torna uma preocupação para Mística, que confronta Charles Xavier por estar colocando a equipe em risco. Ciclope também demonstra preocupação com o que aconteceu. A mutante chega a ser rapidamente examinada pelo Fera para ver como anda a sua saúde, mas depois disso todos os demais personagens seguem em frente, como se nada tivesse acontecido.

Os X-Men não tratam com seriedade o fato de um deles quase voltou morto da missão. Mercúrio faz piada sobre o resgate ao retornarem. O fato de que Jean Grey teria morrido porque Noturno não conseguiu buscá-la a tempo não se torna um problema para o mutante. Mesmo que não tenha sido sua culpa, em uma situação convencional, isso teria mexido com ele e com toda a equipe. Esse é um tipo de evento que faz com que os personagens se depararem com a própria mortalidade. Mostra que mesmo eles sendo super seres ainda possuem fragilidades.  E isso deveria ter sido melhor explorado. Principalmente em um filme que se propôs mais dramático e pé no chão. E, é claro, se ela foi atingida por um “raio solar”, ela quase morreu queimada. Talvez isso ajude a imaginar melhor a gravidade da situação.


× 6. A Família X-Men
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Quem assistiu X-Men: Evolution deve se lembrar da frase “Eu vi o mais querido dos amigos se tornar o mais terrível dos inimigos“. Ela resume bem um dos elementos chave da Saga da Fênix Negra. Jean Grey se corrompendo e se tornando o mais poderoso inimigo ao mesmo tempo em que os X-Men lutam para salvá-la, pois são uma família.

Em entrevistas, o diretor disse que a sua proposta com esse filme era nos mostrar a ruína da família X-Men enquanto os personagens lidam com as transformações que acontecem com um dos seus. Mas a primeira pergunta é: que família?

Citando – novamente – o fato de que os X-Men surgiram como equipe nos minutos finais do último filme. Não vimos as suas interações com equipe. Não vimos os seus laços e ligações. E, certamente, não os vimos agindo como uma família. Em Apocalipse e Fênix Negra, Tempestade e Jean Grey não conversam em nenhum momento. Jean também quase não conversa com o Mercúrio. Dessa forma não podemos entender como é ligação de cada um com ela e como é para eles ver a sua amiga (ou irmã) se tornando uma pessoa completamente diferente e causando dor e destruição. Não os vemos como uma família. Os vemos como um grupo de mutantes que trabalham juntos, no máximo.


× 7. Magneto e seus figurantes de luxo
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Ao todo, os X-Men têm 7 filmes (ignorando derivados). O Magneto está em todos eles. Os X-Men, propriamente ditos, não. Nessa nova quadrilogia se tornou um clichê o mutante ficar mudando de lado. É algo que demanda tempo da trama. E isso novamente ocorre em Fênix Negra. E vamos ser sinceros: precisava do Magneto neste filme? Não. Já cansou o plot de em algum momento do filme ele se tornar o vilão e no final se redimir. O papel que ele e a sua trupe ocupam na trama – de ficar contra Jean Grey – poderia facilmente ser substituído por outro personagem. Nos quadrinhos esse é o papel do Império Shi’ar, a propósito. Sem contar que o núcleo de “Genosha” aparece por no máximo cinco minutos e é algo bastante aleatório dentro da história.

Desde X-Men: O Confronto Final a franquia possui a tradição de colocar personagens no filme apenas por achar os seus poderes legais ou simplesmente para aumentar o número de mutantes, sem desenvolvê-los, os reduzindo a figurantes de luxo. O histórico é longo: Callisto, Psylocke, Emma Frost, Banshee, Anjo, Psylocke de novo, etc.  A situação piora quando o personagem é completamente deturpado. É o que ocorre com Selene e Lótus Escarlate nesse filme. Apenas os seus nomes são utilizados. Os poderes e a caracterização em nada condizem com a versão dos quadrinhos. E por serem figurantes, não existe nenhum apego e são facilmente descartados. Tendo, nesse caso, mortes ridículas.


× 8. Alienígenas
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A identidade da vilã interpretada pela atriz Jessica Chastain foi um grande mistério e só foi de fato revelada no filme. E o mistério não valeu a pena. Não apenas por se tratar de um personagem de pequena importância nos quadrinhos. Os fãs teorizavam que ela seria a Lilandra, mas acabou sendo a Vuk. O problema é que o enredo dos alienígenas não é muito bem trabalhado e desenvolvido.

A personagem até tem uma premissa interessante: ela está a procura de um lar para a sua espécie. Poderíamos dizer inicialmente que ela é a heroína da sua própria história. Mas na execução se tornou uma vilã caricata e clichê. Em dado momento o Professor X fala”Você vai matar todos nós“, e ela responde com um maléfico “Siiiim“.

Outro problema está no fato de que ela parece burra. O seu planeta natal foi destruído pela Força Fênix e ela por algum motivo acredita que pode usar este mesmo poder para construir o futuro novo lar de sua raça. E esse lar obviamente é a Terra. O que cria o questionamento: Por que não utilizar o poder de criar vida que essa força possui para tornar um planeta estéril em um mundo com vida, por exemplo?

Sem contar o fato de que ela própria diz que este poder destruiu tudo aquilo com o que entrou em contato, com exceção de Jean Grey. Então, qual a razão de ela tentar pegar esse poder se sabe que provavelmente será destruída no processo?


× 9. Falta de riscos
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O segundo trailer do filme nos revelou que a Mística morreria. Segundo o diretor, esse foi o jeito escolhido para nos mostrar que tudo poderia acontecer ao longo da história e que nenhum personagem estaria totalmente a salvo. Mas em nenhum momento do filme ficamos com a sensação de que qualquer um pode morrer a qualquer momento. Pelo contrário, o roteiro claramente os poupa. Apenas os figurantes de luxo morrem. Jean Grey sem querer mata a Mística. Mas ela com vontade desiste de matar o Magneto. Não leva o ato até as últimas consequências. E a única justificativa é ele ser o favorito do diretor. No terceiro ato acaba sendo inclusive o personagem com mais destaque na ação e com mais criatividade no uso dos poderes.


× 10. Não tem a Fênix Negra
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É estranho dizer isso. Mas Fênix Negra é um filme sem a Fênix Negra. Um dos principais aspectos que a história aborda é a corrupção que poderes ilimitados podem trazer. Jean Grey enquanto possuída pela Fênix é mentalmente manipulada pelo Clube do Inferno e acaba cedendo aos seus instintos mais terríveis. Tudo se trata sobre lutar contra desejos, perder o controle de seu próprio corpo e tentar recuperá-lo. Infelizmente não temos isso no filme. É verdade que Jean Grey aparece abalada emocionalmente, perdendo o controle de seus poderes, mas isso é o que acontece com todos os mutantes.


Uma das funções dos X-Men é ajudar mutantes que não conseguem se controlar, mas não é o que eles fazem com uma preciosa aliada. Mesmo sabendo que Jean voltou diferente do espaço, a mutante, que estava se sentindo traída, é abordada por X-Men uniformizados e preparados para atacar, o que é completamente oposto dos quadrinhos, visto que a ligação dos X-Men com a mutante é tão forte, que eles acabam se recusando a lutar contra a poderosa Fênix Negra por muito tempo. Mesmo quando confronta Magneto e Xavier se trata apenas de uma vingança pessoal de uma Jean Grey lúcida incentivada pela vilã e que facilmente retorna para o lado dos X-Men.

O filme em nenhum momento explora até o final todo o potencial de ameaça que uma pessoa corrompida por tais poderes teria. Não temos a sensação de que a qualquer momento ela pode fugir do controle de todos. Na verdade, o confronto entre os X-Men e a Irmandade nas ruas da cidade causa mais destruição e representa um perigo maior do que qualquer ação da mutante ao longo do filme.