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De que maneiras os X-Men poderiam entrar pro Universo Marvel?

É de conhecimento geral que a Marvel Comics passou por uma crise financeira durante os anos 90; uma crise que obrigou ela a vender os direitos cinematográficos dos seus personagens mais importantes (X-Men, Quarteto Fantástico, Hulk e Homem-Aranha) para que outros estúdios pudessem fazer filmes. A venda foi produtiva e permitiu que a empresa se reerguesse, além gerar bons filmes no começo dos anos 2000.

Passada a crise e vendo que filmes de super-heróis poderiam dar certo, a Marvel decidiu investir também em filmes do gênero, mas dessa vez com as próprias mãos, sem depender de terceiros. Entretanto, ela enfrentava um problema: a maior parte de suas propriedades mais importantes estavam com outros estúdios. Qual a solução? Fazer filmes de seus personagens menos conhecidos e tentar torná-los populares. E assim em 2008 estreava nos cinemas Homem de Ferro.

Nos quatro anos seguintes foram apresentados personagens que seriam os protagonistas deste novo universo e em 2012 chegava aos cinemas o primeiro filme dos Vingadores. O filme  consolidou o Universo Cinematográfico da Marvel (UCM). Transformou personagens até então desconhecidos em símbolos da cultura pop. Isso despertou nos fãs da Marvel (novos e antigos) o desejo de ver todos os personagens da editora reunidos em um mesmo universo nos cinemas. Porém, o sonho parecia impossível de ser realizado, afinal a Sony estava investindo em uma nova franquia do Homem-Aranha (O Espetacular Homem-Aranha) e a Fox continuava produzindo novos filmes dos X-Men.

Entretanto, tudo mudou em 2015. Após dois novos filmes do Homem-Aranha que não foram muito bem recebidos, um acordo entre Sony e Marvel foi anunciado e o Aranha retornava à casa das ideias. Um reboot foi feito, Tom Holland foi escalado para viver a nova versão do personagem e em 2016 o aracnídeo fez a sua estreia no UCM em Capitão América: Guerra Civil. A nova versão foi bem recebida pelo público e logo foi anunciado um filme para comemorar o retorno do personagem, com um título bastante sugestivo: Homem-Aranha – De Volta ao Lar.

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Embora o acordo com a Sony tenha se mostrado positivo, a Fox a partir de 2015 começou a pensar no seu próprio universo de heróis, que incluía o Quarteto Fantástico e os X-Men. Entretanto, o reboot do Quarteto Fantástico não deu certo e foi um fracasso. Mas apesar disso, em 2016 a Fox começou a dar início ao seu próprio universo expandido dos mutantes com  X-Men: Apocalipse e Deadpool.  Depois disso anunciou vários outros projetos: Logan (2017), Novos Mutantes (2018), Deadpool 2 (2018), X-Men: Fênix Negra (2018), Gambit (2019) e X-Force (2019).

Considerando esse planejamento a longo prazo, ter o Quarteto Fantástico e principalmente os X-Men na Marvel se tornava algo cada vez mais irreal e impossível. Tendo consciência disso a Marvel tentou investir em uma outra equipe: Inumanos, o que não deu certo. Todavia, fomos todos surpreendidos no último mês com a notícia de que a Disney (que é dona da Marvel Studios) estaria entrando em negociações para comprar a 20th Century Fox, o estúdio cinematográfico da Fox (clique aqui).  Essa compra, além de tornar a Disney detentora de grandes franquias como Avatar, Alien, Kingsman e Planeta dos Macacos, também tornaria a casa do Mickey Mouse a detentora das propriedades da Marvel que a Fox possui. Essa notícia levou muitos fãs à loucura, afinal, essa seria a grande chance de ter todos os heróis reunidos.

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Embora inicialmente a compra não passasse de um rumor, cada vez mais notícias relacionadas a isso foram aparecendo, o que torna a possibilidade da venda da Fox cada vez maior. Entretanto, a maior dúvida a respeito disso é: de que modo como o Quarteto-Fantástico e os X-Men poderiam ser inseridos no MCU?  Pensando sobre isso, chegamos a algumas possibilidades. Abaixo iremos explorar os prós e os contras de cada uma delas.

A primeira equipe é mais fácil do que a segunda. Como citamos anteriormente, Quarteto Fantástico teve um reboot em 2015. O filme além de ser uma péssima adaptação da equipe, é também uma bagunça e é considerado por muitos um dos piores filmes de super-heróis de todos os tempos. Continuar com esse elenco é impossível, Michael B. Jordan (Tocha Humana) foi contratado pela Marvel e será o vilão do filme solo do Pantera Negra. A solução? É bastante simples. Basta seguir a mesma lógica usada pelo Homem-Aranha: apresentar a nova equipe para o público em algum outro filme e depois disso anunciar um filme solo. E claro, pulando história de origem. Já vimos  isso duas vezes. Não precisamos ver de novo.

X-Men no entanto não se trata de um herói solo ou de uma equipe de poucos membros. X-Men são parte de algo maior: uma espécie. O conceito do que são mutantes poderia ser apresentado aos poucos em outros filmes, o que poderia incluir a aparição de personagens famosos, como uma nova versão da Tempestade em um filme solo do Pantera Negra. Isso  permitiria explorar o passado dela na Quênia, onde foi venerada como uma deusa. Os poderes que inicialmente seriam vistos como algo divino, mais tarde seriam explicados através do gene X. Além disso, Vampira poderia ser apresentada como vilã da Capitã Marvel e o Wolverine como um antigo soldado de guerra parceiro do Capitão América.

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Qual o problema disso? Ao contrário do Quarteto Fantástico em que 2 dos seus 3 filmes são considerados ruins (embora algumas pessoas considerem todos ruins), X-Men possui um grande histórico de filmes bem recebidos pelo público e crítica, 7/10 para ser mais exato.

Além disso, a última trilogia dos mutantes foi ao menos tempo um prelúdio e reboot. Ao mesmo tempo que mostrou a origem dos X-Men a rivalidade política entre Magneto e Professor X, também apresentou novas versões dos personagens e apagou a linha do tempo dos filmes, desconsiderando os eventos apresentados na trilogia dos anos 2000 e em Wolverine Imortal (2013).

A nova equipe apresentada ano passado em X-Men: Apocalipse, irá aparecer novamente no próximo ano em X-Men: Fênix Negra. Se o filme for bem aceito e a nova equipe se consolidar, um novo elenco não seria bem recebido pelo público. Também precisamos levar em conta que não é possível apresentar os X-Men sem incluir o contexto político em que eles existem (mutantes são temidos pela humanidade), começar novamente do zero o confronto político dos nêmesis Magneto e Professor X seria algo enjoativo, pois já está saturado. Essa rivalidade foi tema dos 6 filmes dos mutantes até então.

Por outro lado, não podemos esquecer que a situação dos mutantes é diferente da situação do aracnídeo. A Sony fazia apenas filmes solos do Homem-Aranha, um único herói. A Fox iniciou um universo compartilhado. No próximo ano iremos ter filmes de 2 equipes diferentes, além de Deadpool 2, que irá apresentar os heróis Cable e Dominó para formar uma terceira equipe: X-Force.  Tudo isso torna um risco maior ignorar tudo o que a Fox tem feito até o momento. Tanto pelo lado do público que poderia enjoar ao ter que ignorar todo o universo e atores,  e também pelo lado comercial, afinal, muito do dinheiro investido até então seria jogado fora.

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Considerando esses problemas, uma segunda alternativa poderia ser a de incluir os novos filmes da Fox como parte do cânone da Marvel.  X-Men: Fênix Negra irá se passar durante os anos 90, e segundo nossas fontes terá os Skrulls como uma das ameaças. Do lado da Marvel, Capitã Marvel (2019), além de compartilhar da mesma década do próximo filme dos mutantes, também  irá compartilhar da ameaça: os Skrulls.

Dentro do que sabemos a respeito do filme solo da Capitã, ele irá contar a história da heroína na Terra durante esse período e irá explicar como ela desapareceu no espaço para retornar apenas no momento presente. A causa do desaparecimento de Carol Danvers provavelmente também será o elemento responsável por ela ter se mantido jovens durante mais de 20 anos.

Não sabemos muito sobre X-Men: Fênix Negra. Embora saibamos que os Skrulls serão uma das ameaças do filme, a grande ameaça será o personagem título, a Fênix Negra (Jean Grey). O novo longa dos X-Men obviamente não foi planejado para fazer do MCU. Mas considerando a possibilidade de que os Skrulls permaneçam vivos ao final do filme, o próximo longa da equipe poderia contar uma história similar ao longa da Capitã e explicar como os X-Men desapareceram durante esse tempo todo.

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Outro ponto a considerar é que as histórias dos X-Men estão sendo contatadas nas décadas passadas, mas as demais histórias do universo não. Deadpool e Novos Mutantes se passam no momento presente. Isso não é exatamente um problema. Os eventos de Deadpool são pequenos e Novos Mutantes é um evento totalmente isolado já que o filme se passará dentro de um hospital. Dessa forma é totalmente justificável os Vingadores não saberem sobre os mutantes. Os três maiores problemas são outros.

O primeiro grande problema é o final de X-Men: Dias de um Futuro Esquecido e Logan. O primeiro filme termina mostrando as versões adultas e mais velhas dos X-Men (também conhecidas como elenco antigo) em um novo futuro no ano de 2024. O segundo se passa em 2029 e nos conta que o Professor X acidentalmente matou a maioria dos X-Men em um surto telepático e também nos mostra as mortes de Charles Xavier e Wolverine.

O segundo problema é que deste 1973 (X-Men: Dias de um Futuro Esquecido) o mundo todo sabe da existência dos mutantes. E não podemos esquecer que uma mutante (Mística) se tornou um símbolo heroico. Talvez este problema seja mais fácil de resolver do que o primeiro. Bastaria criar uma história mirabolante para explicar como o mundo esqueceu da existência dos mutantes. Considerando o grande número de telepatas que existem, não seria tão difícil assim.

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Entretanto, o terceiro problema é o maior de todos. O fato da Fox ter comprado os direitos de algumas das propriedades impediu que alguns personagens pudessem fazer parte do MCU. Apesar de alguns personagens serem exclusivos da Fox, as duas empresas também compartilham os direitos de alguns personagens. Como comentamos anteriormente, isto poderia ser benéfico por um lado, como o caso dos Skrulls. Por outro lado, isto trás alguns grandes problemas. Enquanto os Skrulls são uma espécie e por isso não geram grandes problemas, os dois estúdios já mostraram duas versões diferentes de um mesmo personagem: Mercúrio.

Os dois estúdios dividem os direitos cinematográficos dos personagens Mercúrio e Feiticeira Escarlate. A Marvel utilizou os dois personagens em Vingadores: A Era de Ultron (2015). A Fox utilizou apenas o Mercúrio em X-Men: Dias de um Futuro Esquecido (2014). A versão da Marvel do personagem morreu no filme, a versão da Fox retornou para mais dois filmes.

É importante fazer um adendo: ambos os estúdios possuem os direitos cinematográficos dos personagens Mercúrio e Feiticeira Escarlate. Porém, apenas a Fox possui os direitos dos mutantes. Isso fez com que a origem dos personagens tivesse que ser apresentada de forma alterada em A Era de Ultron. Ao invés de serem mutantes, os gêmeos eram aprimorados, frutos de um experimento com a Joia da Mente. Mutante ou não, é inegável que se trata de duas versões diferentes do mesmo personagem: mesmos poderes e características físicas.

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A terceira alternativa apresenta um elemento mais confuso: multiverso. Os leitores de quadrinhos sabem que a editora trabalha com o conceito de que existem vários universos (multiversos). Realidades alternativas, com versões diferentes dos mesmos personagens.

Os poderes da Feiticeira Escarlate foram apresentados nos filmes como sendo telecinese e uma espécie de telepatia, o que faz muitos dos fãs compararem a personagem com  Jean Grey. Entretanto, nos quadrinhos o poder principal dela é o de manipular as probabilidades. O que permite com que ela faça coisas que não deveriam acontecer, acontecerem (esse poder foi visto pelos outros como bruxaria, o que explica o codinome).

Em uma das histórias mais conhecidas dos quadrinhos, Wanda criou uma realidade alternativa onde os mutantes eram a maioria (Dinastia M). No final da história os personagens conseguem voltar para a realidade normal, mas a Feiticeira tem um surto e fala 3 palavras “Chega de Mutantes” (No More Mutants). Essas 3 palavras fazem com que mais da metade dos mutantes percam os seus poderes.  Algo similar poderia ser utilizado no MCU, mas ao invés de exterminar a raça mutante, a personagem poderia criar uma nova realidade, onde os mutantes existem. Fazendo com que os universos da Fox e da Marvel colidam e se tornem um só.

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A quarta possibilidade poderia utilizar a Força Fênix. Os filmes nos apresentaram que Jean Grey é a detentora de um poder colossal que é conhecido como Fênix. Ao contrário da versão apresentada em X-Men: O Confronto Final (2016), a Fênix não é uma dupla personalidade de Jean Grey, mas sim uma entidade cósmica de grande poder e Jean é a sua hospedeira. Com os poderes da entidade Jean é capaz de fazer maravilhas. Não sabemos se X-Men: Fênix Negra irá apresentar a Fênix como um poder cósmico ou novamente como parte do subconsciente de Jean Grey. Entretanto, caso a Força Fênix seja apresentada como uma entidade, ela se torna uma maneira de unificar os dois mundos. Um dos poderes da Fênix é justamente o de alterar a realidade.

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A quinta opção talvez seja a mais fácil das apresentadas até então e também leva em conta a existência de um multiverso. Mas ao contrário da terceira e da quarta, ao invés de colidir os mundos em um só, manteria eles separados. Uma “fenda” entre as duas realidades poderia permitir um eventual crossover entre os X-Men e os Vingadores. Mas continuariam sendo mundos diferentes.

Talvez você não se recorde, mas era essa a ideia da Fox em relação ao Quarteto Fantástico e os X-Men. O reboot de 2015 se passaria em uma outra realidade, mas eventualmente o universo dos mutantes e do Quarteto se cruzaria, permitindo um crossover entre as duas equipes.

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Neste texto nós tentamos apresentar algumas possibilidades que conseguimos pensar para incluir o Quarteto Fantástico e os X-Men no MCU, considerando a possível (ou eventual) compra da Fox pela Disney. Obviamente, nenhuma das possibilidades mostradas é conclusiva ou oficial, elas são frutos da nossa análise sobre diversos fatores atuais. Sendo assim, é possível que algumas das opções que pensamos sejam de fato utilizadas, mas nada impede que uma sexta opção que não pensamos seja a utilizada.

O que acharam das opções que apresentamos? Concordam? Conseguem pensar em mais algumas? Contem pra gente!