REVIEW: X-Men: Red #1 – Uma Cura Para O Mundo!
Jean Grey é um dos membros fundadores dos X-Men e também a primeira mulher a fazer parte da equipe. Quando a equipe surgiu no começo dos anos 60, a personagem foi apresentada e resumida a uma garota exemplar (bela, recatada e do lar), donzela em perigo e interesse amoroso dos meninos que faziam parte da equipe. Nos anos 80, com a renovação da equipe, foi o momento dela receber um upgrade, e com isso entrou a famosa ligação de Jean Grey com a Força Fênix. De donzela em perigo passou para a mutante mais poderosa, não somente por conta da entidade cósmica, mas por também ser categorizada como uma mutante nível ômega. Porém, isso ainda era um problema para muita gente, era dito que a personagem era extremamente poderosa, mas nunca víamos ela de forma independente, sempre dependia do pássaro de fogo espacial. Entretanto, isso começou a mudar ano passado. Foi anunciado que Jean Grey iria retornar dos mortos após mais de uma década. Isso aconteceu com a mini série Phoenix Resurrection (A Resurreição da Fênix). O final da série trouxe Jean Grey de volta à vida e levou a Fênix embora.
A Marvel trouxe Jean Grey de volta. Como comemoraram o seu retorno? Ela se tornou líder de uma equipe. Dessa vez ela não é a pupila de Xavier ou a namorada do líder dos X-Men, ela é a líder e um modelo a ser seguido.
A primeira edição de X-Men: Red começa com uma espécie de teaser, onde vemos a equipe em ação. Uma criança mutante está sendo perseguida por vizinhos durante a noite, eles vem ela como uma arma, um monstro, uma ameaça que precisa ser eliminada. O ponto mais tocante dessa cena é o fato da própria mãe da garotinha disparar um tiro contra ela. Jean Grey e a sua equipe aparecem para salvá-la e levá-la para longe. Nesse momento percebemos que as histórias da equipe devem retomar a essência dos X-Men: uma equipe que luta pela coexistência entre os humanos e os mutantes.
Depois dessa prévia, que serviu para nos deixar mais interessados na equipe, a história começa, mas dois meses atrás, antes da formação da equipe. Novamente temos uma cena envolvendo uma criança mutante, dessa vez um recém nascido. Uma dupla de criminosos tenta roubar um carro que tem uma mãe e seu bebê. Desesperada a criança começa a chorar e os seus poderes mutantes se manifestam pela primeira vez, um grito sônico, similar aos poderes do Banshee. Wolverine (Laura) e sua irmã mais nova -e clone- Texugo de Mel aparecem para ajudar. Mas não conseguem dar conta. Jean Grey e Noturno também aparecem e a mutante telepata resolve a situação. A parte mais interessante é o fato da reação da mãe com o seu filho mutante ser completamente diferente do primeiro caso.
O pilar das histórias dos X-Men são as questões políticas. Os mutantes são um grupo minoritário perseguido pela humanidade. E Tom Taylor faz disso um elemento muito presente (e talvez o principal) em X-Men: Red.
Décadas atrás talvez as pessoas não percebessem que as histórias dos mutantes são uma metáfora para o que as minorias vivem no nosso mundo, mas certamente isso não passará despercebido no momento atual em que vivemos. Um discurso que Jean Grey assuiste pelo noticiário faça com que muitos leitores associem ele com os discursos de alguns políticos atuais. É através do noticiário que ela também descobre que as Nações Unidas pretendem convocar uma reunião para discutir sobre a causa mutante.
A ruiva passou muito tempo fora e nesses anos todos a situação dos mutantes (chamados aqui de mutandade) não melhorou, pelo contrário, até piorou. Com todo o vigor que renascer pode trazer, a mutante resolve agir e participar da reunião. Mas antes disso ela foi atrás de dois personagens conhecidos para conseguir apoiadores: Pantera Negra (rei de Wakanda) e Namor (rei de Atlantis). O discurso dela no debate talvez faça com que muitas pessoas se lembrem do início de X-Men: O Filme (2000), onde também vemos a mutante (interpretada por Famke Janssen) em uma reunião sobre os direitos dos mutantes.
O tema principal do seu discurso é a situação periférica que os mutantes vivem em vários países, como serem assassinados e também presos se suspeitarem que são mutantes (um possível paralelo com a caça às bruxas). Com base nisso a mutante propõe que os mutantes parem de serem vistos apenas como uma espécie, mas que também passem a ser visto como uma nação, um povo, para que assim eles ganhem representantes na ONU.
“Quero agradecer-lhes por me ouvirem aqui hoje, pois falo pela mutandade. Creio ser justo dizer que toda vez que poderosos decidem discutir sobre como lidar com minorias sem envolver as minorias na conversa, sempre termina mal.”
Durante a reunião a embaixadora questiona se as pessoas presentem devem confiar nela ou não, já que por ser uma telepata ela poderia facilmente manipular o voto de todos os presentes. Mas como discípula e de certa forma também sucessora de Charles Xavier, ela acredita na coexistência entre humanos e mutantes, e essa coexistência só é possível por meio da união e não por meio da manipulação.
No final da reunião, a embaixadora procura novamente a mutante para conversar. Embora a reunião já tenha terminado, jornalistas ainda estão do lado de fora. Durante a conversa a embaixadora fala:
“Tem um problema, claro. Você não está mais no controle. Você não é mais a Fênix, Jean Grey. Não pode se opor. Você chacoalhou o status quo, agora o status quo lhe chacoalhará de volta. Estou muito irritada, eu estava trabalhando em algo e você arruinou completamente a minha embaixadora.”
Depois disso a cabeça da embaixadora explode. Isso faz com que todos os jornalistas ao redor filmem, fazendo com que o mundo todo pense que foi Jean Grey a causadora da morte e assim mostrando ao mundo que não se deve confiar em mutantes porque todos são perigosos. Mas o mais importante, descobrimos que a senadora estava sendo controlada por uma antiga vilã, que talvez seja a principal das histórias da equipe: Cassandra Nova.
Podemos dizer que X-Men: Red é bastante promissor, instigante e promete ser um caminho para evoluir a personagem Jean Grey e mostrar todo o potencial que ela pode ter. E sem sombras de dúvidas é uma das histórias mais interessantes dos mutantes nos últimos anos.
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