X-Men: A Série Animada – Empoderamento feminino nos anos 90!
A importância da série dos X-Men dos anos 90 é inquestionável, ela tirou os personagens das páginas dos quadrinhos e os apresentou para uma geração inteira de crianças. Mas talvez um dos maiores feitos da série em relação as demais animações de super-heróis da época foi mostrar que as mulheres também poderiam ser fortes.
Tempestade, Vampira, Jean Grey e Jubileu estavam em igualdade com os demais membros da equipe. Elas eram tão importantes nas batalhas quanto Wolverine, Gambit, Ciclope e Fera. E mais importante, elas eram amigas e aliadas. A série animada provou que mulheres poderiam ser fortes, inteligentes, bonitas, diferentes e ainda assim continuarem amigas.
Na época a maioria dos programas infantis eram divididos por gêneros. Você poderia ter um programa com mais de uma personagem feminina, mas esse programa não iria muito além das linhas de gênero. Se você estivesse mais interessado em ação e aventura do que musicais e romances, bem, você deveria assistir a algum programa que fosse feito para meninos. As Tartarugas Mutantes Ninjas possuía apenas uma personagem feminina: a bela repórter April O’Neil.
Ela não era mutante ou ninja, muito menos uma tartaruga. Ela era apenas uma humana e sua curiosidade fazia ela se machucar. A maioria das animações com histórias de ação seguiam a mesma fórmula: a mulher era o interesse amoroso do protagonista ou apenas a parceira de ação do protagonista. Algumas vezes tinham duas personagens femininas, que poderiam ser nomeadas como “Daphnes” ou “Velmas“, “Bettys” ou “Veronicas“. Uma era o interesse amoroso e a outra a nerd confiável. Mesmo Capitão Planeta que era consciente da diversidade não fugia dessa fórmula com Lenka e Gi.
Com X-Men: A Série Animada foi diferente. Pela primeira vez o público não ficava apenas com uma ou duas visões a respeito do que uma mulher poderia oferecer a uma equipe. Os X-Men eram essencialmente igualitários e as 4 mulheres do time eram personagens tridimensionais, poderosas, torturadas emocionalmente e capazes de se defenderem sozinhas sem a ajuda dos parceiros masculinos.
Não apenas isso, a abertura da série começava com duas delas voando sobre o título antes do personagem masculino ser apresentado. Pela primeira vez as meninas tinham várias opções para escolher qual tipo de heroína elas queriam ser. Não tinha somente “a garota bonita” ou “a garota inteligente”, ou então apenas “a garota”. Era possível escolher a favorita entre várias heroínas.
Atualmente se fala muito sobre a importância da representatividade na cultura pop e sobre a importância das crianças conseguirem ver personagens que elas se identificam salvando o dia. X-Men nos deu isso, mostrou homens e mulheres que era competentes e únicos. Obviamente não estamos falando sobre mutantes.
Não conhecemos uma garota do sul dos EUA como Vampira, ou uma rainha africana como Tempestade. Não conhecemos ninguém como Gambit. Quando falamos sobre a diversidade que os X-Men oferecerem nós não estamos falando apenas sobre vermos mulheres com complexidade emocional. Falamos sobre a mensagem que a equipe como um todo apresenta. X-Men não era sobre um salvador do mundo. Era sobre uma equipe de pessoas desajustas trabalhando juntas em torno de um objetivo em comum – e esse objetivo era a tolerância.
O que fazia as 4 mulheres de X-Men tão importantes é que mesmo com as aparentes diferenças que elas possuíam entre si, continuavam unidas. No primeiro episódio vemos Vampira e Tempestade indo juntas ao shopping e em seguida presenciamos o momento em que duas mulheres correm para resgatar a jovem mutante Jubileu. Nós temos Jean Grey usando os seus poderes de empatia para construir pontes entre os outros membros. Nós temos 4 mulheres que se dão bem sem ciúmes ou ridicularização.
Não segue o mito tóxico de que mulheres precisam jogar as outras na frente de um ônibus para conseguirem ter sucesso em um ambiente dominado por homens. Faz o oposto. X-Men: A Série Animada envia a mensagem de que as mulheres são fortes juntas e que o seu maior poder são as coisas que as fazem fugir do padrão
FONTE: Decider