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Olivia Munn e Ellen Page acusam o diretor de X-Men 3 de abuso e assédio!

Brett Ratner, o diretor de X-Men: O Confronto Final tem sido acusado de assédio e abuso sexual. Entre os nomes de vítimas estão Olivia Munn e Ellen Page, respectivamente, Psylocke e Kitty Pryde da franquia X-Men.

O caso de Olivia Munn aconteceu quando ela trabalhava com ele no filme “Ladrão de Diamantes”  em 2004. De acordo com o relato que a atriz deu para o Los Angeles Times, pediram para que ela fosse entregar a refeição do diretor no seu trailer, como ela estava certa de que ele não estaria lá, aceitou. Ao chegar lá Munn foi surpreendida não só ao descobrir que o diretor estava lá, mas também com o fato de que ele estava com as calças abaixas enquanto segurava um coquetel de camarão com uma das mãos e se masturbava com a outra.

“Ele estava… com a barriga saltando para fora, sem calças, segurando um coquetel em uma das mãos e se masturbando furiosamente com a outra. E antes que eu pudesse sair de lá, ejaculou,”

Olivia disse que ficou chocada e antes de sair deu um grito desesperado. Quando ela relatou o ocorrido ao homem que pediu para que ela entregasse a refeição, a reação dele não foi nada reconfortante:

“Ele não ficou em choque. Não ficou surpreso. Foi apenas algo como, “Hum, desculpe por isso”.

A atriz imediatamente contou o ocorrido para a sua irmã, que lhe disse que ela deveria acusar o diretor. Entretanto o advogado disse que não era aconselhável ela tentar enfrentar um advogado tão poderoso.

“Isso deixou um impacto grande em mim. Quantas mulheres precisam ser quebradas antes das pessoas ouvirem?”

Hoje, a atriz Ellen Page fez uma carta aberta em sua conta no Facebook, relatando os abusos e ataques homofóbicos que sofreu do diretor durante as gravações de X-Men: O Confronto Final. Além disso, a atriz também relatou sobre o assédio sexual que sofreu em Hollywood enquanto ainda era uma adolescente:

“Você devia foder ela para ela descobrir que é lésbica”. Ele me disse isso na frente de todo mundo durante um “meet and greet” com o elenco e a produção antes de começarmos a filmar X-Men: O Confronto Final. Eu tinha 18 anos. Ele olhou para uma mulher que estava do meu lado, 10 anos mais velha do que eu, apontou para mim e disse: “Você devia foder ela para ela descobrir que é lésbica”. Ele era o diretor do filme, Brett Ratner.

Eu era uma jovem adulta que ainda não tinha se conhecido. Eu sabia que eu era lésbica, mas ainda não sabia, por assim dizer. Eu me senti violada quando isso aconteceu. Eu olhei para os meus pés, não disse nenhuma palavra e apenas observei. Este homem, que me contratou para o filme, começou os nossos meses de filmagens em um evento de trabalho com esse discurso horrível e incontestável. Ele me “deixou” sem nenhuma consideração pelo meu bem estar, um ato que nós consideramos  como homofóbico. Eu continuei a ver ele dizendo coisas desagradáveis para mulheres no set. Eu lembro de uma mulher caminhando no monitor enquanto ele fazia um comentário sobre ela, “bucetuda”.

Todos nós temos o direito de entrar em contato e entender a nossa orientação sexual de forma privada e nos nossos próprios termos. Eu era jovem e apesar de já trabalhar há um bom tempo como atriz eu fui isolada de várias maneiras, crescendo em sets de filmagens ao invés de crescer cercada pelos meus similares. Esta agressão em público por muito tempo me deixou com sentimento de vergonha, um dos mais destrutivos resultados da homofobia. Fazer com que as pessoas se sintam envergonhadas por aquilo que são é uma forma cruel de manipulação que tem como intenção oprimir e reprimir. Foi tirada a minha autonomia de definir a mim mesma. O comentário de Ratner ecoou pela minha mente diversas vezes ao longo dos anos quando eu encontrava homofobia e lidava com os sentimentos de relutância e incerteza a respeito da indústria e do meu futuro nela. A diferença é que agora eu posso me afirmar e usar a minha voz para lutar contra as atitudes LGBTfóbicas em Hollywood e além dela. Espero manter a posição que tenho, posso ajudar as pessoas que estão lutando para serem aceitas e respeitadas pelo o que são e serem bem sucedidas. Jovens vulneráveis que não tem os meus privilégios são muitas vezes diminuídos e sentem que não tem a opção de viver a vida que eles deveriam conduzir com orgulho.

Eu discuti com com Brett em dado momento. Ele me pressionou na frente de muitas pessoas para usar uma camiseta com “Time Ratner”. Eu disse não e e ele insistiu. Eu respondi, “Eu não estou no seu time”. Mais tarde no mesmo dia, produtores do filme vieram ao meu trailer para dizer que eu “não podia falar assim com ele”. Eu estava sendo repreendida, mas ele não estava sendo punido ou despedido por ter comportamento homofóbico e abusivo. Eu era uma atriz desconhecida. Eu tinha 18 anos e não tinha as ferramentas para lidar com a situação.

Eu sou uma atriz profissional desde que eu tinha 10 anos. Tive sorte por trabalhar com muitos colaboradores que são honrados e respeitosos na frente e por trás das câmeras. Mas o comportamento que eu estou relatando é onipresente. Eles (os abusadores) querem que você se sinta pequeno, inseguro, para que assim você se sinta dependente deles ou ache que as atitudes indesejáveis deles sejam culpa sua.

Quando eu tinha 16 um diretor me levou para jantar (uma obrigação profissão e muito comum). Ele tocou a minha perna por baixo a mesa e disse, “Você tem que fazer o movimento, não posso“. Eu não fiz o movimento e tive a sorte de conseguir sair dessa situação, mas a minha segurança não estava garantida no trabalho. Uma figura de autoridade com quem eu trabalhava pretendia me abusar fisicamente. Eu fui abordada sexualmente meses depois.  Um diretor me pediu para dormir com um homem que tinha seus vinte e poucos anos e falar sobre isso. Eu não fiz. Isso é apenas o que aconteceu comigo quando tinha 16 anos, uma adolescente na indústria de entretenimento.

Olhe para a história e veja o que acontece com as minorias que relatam os abusos sexuais que sofreram em Hollywood. Alguns deles já não estão mais conosco, recorrem às drogas e ao suicídio. Os seus abusadores? Continuam trabalhando. Protegidos mesmo enquanto eu escrevo isso. Você sabe quem eles são: falam deles por trás de portas fechadas tanto quanto falavam do Weinstein… Se eu, que sou uma pessoa com algum privilégio significativo, permaneço relutando e com medo de dizer o nome da pessoa, quais são as opções para aqueles que não tem o que eu tenho?

Vamos lembrar da epidemia da violência contra a mulher na nossa sociedade afeta desproporcionalmente as mulheres de baixa renda, especialmente as mulheres de cor, negras, trans, lésbicas, bissexuais e indígenas, que são silenciadas por suas circunstâncias econômicas e que possuiu uma enorme desconfiança do sistema de justiça que absolve o culpado mesmo com evidências esmagadoras e que continua a oprimir pessoas de cor. Eu  posso pedir por seguranças se eu me sentir ameaçada. Eu tenho dinheiro para receber cuidados de saúde mental se precisar. Eu tenho privilégio por ter uma plataforma que me permite escrever isso e publicar, enquanto a maioria das pessoas marginalizadas não tem acesso a esses mesmos recursos. A realidade é, mulheres de cor, trans, lésbicas, bissexuais e indígenas tem liderado essa luta por décadas (desde sempre, na verdade). Marsha P. Johnson, Sylvia Rivera, Winona LaDuke, Miss Major, Audre Lorde, para citar algumas. Misty Upham lutou incansavelmente para acabar com a violência contra as mulheres indígenas. Misty foi encontrada morta no fundo de um penhasco há 3 anos. O seu pai, Charles Upham, apenas fez um post no Facebook para avisar que ela foi estuprada pelo executivo da Miramax durante uma festa. A maioria das pessoas marginalizadas tem sido deixadas de lados. Como cis e lésbica branca eu tenho sido beneficiada e tido privilégios porque esses indivíduos extraordinários e corajosos que lideraram o caminho e arriscaram as suas vidas para fazer isso. A supremacia branca continua a silenciar pessoas de cor, enquanto eu tenho os meus direitos por conta desses líderes. Eles são as pessoas que devíamos estar ouvindo e aprendendo.

Esses abusadores nos fazem sentir impotentes e dominados pelos seus impérios. Não vamos esquecer do líder da Suprema Corte de Justiça e do Presidente dos Estados Unidos.  Um acusado de assédio sexual por Anita Hill, que teve o seu testemunho desacreditado. O outro descrevendo com orgulho o seu próprio padrão de assédio a um repórter de entretenimento. Quantos homens da mídia -titãs da indústria- precisam ser expostos para que a gente entenda a gravidade da a gravidade da situação e exija segurança e respeito que são os nossos direitos fundamentais?

Bill Cosby e Harvey eram conhecidos por serem predadores. Nós continuamos a celebrar Roman Polanski, que foi condenado por drogar e abusar de uma garota jovem, e que fugiu da sentença. Um fugitivo da justiça. Eu ouvi a indústria diagnosticar o  comportamento de Weinsten para ver se ocorre alguma mudança. Mas vamos ser sinceros: a lista protegida ainda é longa. Temos que trabalhar. Não podemos ficar olhando para outro caminho.

Eu fiz um filme do Woody Allen e este é o maior arrependimento da minha carreira. Eu tenho vergonha de ter feito isso. Eu ainda tinha que encontrar a minha voz e não era quem eu sou agora, eu me sentia pressionada, porque “é claro que você tem que dizer sim para um filme do Woody Allen”. Entretanto, a escolha final sobre quais filmes eu farei é minha, e eu fiz a escolha errada. Cometi um erro terrível.

Eu quero ver estes homens enfrentarem o que eles fizeram. Eu quero que eles não tenham mais poder. Eu quero que eles sentem e pensem sobre o que eles são sem seus advogados, milhões em dinheiro, carros elegantes,suas várias casas, seu status de “playboy” e swagger.

O que eu mais desejo é que isso resulte em cura para as vítimas e que Hollywood acorde e comece a tomar a responsabilidade pelo papel que todos nós desempenhamos nisso. Eu quero  que a gente reflita sobre essa questão endêmica e em como esse poder de abuso causa uma enorme quantidade de sofrimento. Violência contra a mulher é uma epidemia nesse país e ao redor do mundo. Como essa cascata de imoralidade e injustiça são moldam a nossa sociedade? Um dos grandes riscos para a saúde de uma mulher grávida nos Estados Unidos é o assassinato. Mulheres trans de cor nesse país tem a expectativa de vida de 35 anos. Por que não abordamos isso na nossa sociedade? Nós temos que lembrar as consequências das ações. Problemas de saúde mental, suicídio, distúrbios alimentares e drogas são somente alguns deles.

Por que nós temos medo de expor isso e por que temos que fazer isso? Mulheres, particularmente as marginalizadas, são silenciadas enquanto abusadores em status de poder podem gritar tão alto quanto eles desejem, mentir tanto quanto eles quiserem e continuarem a lucrar com isso.

Este é um julgamento aguardado. Precisa ser. Os “códigos de conduta” devem ser aplicados para garantir a nossa dignidade e respeito humanos fundamentais. Inclusão e representação são a resposta. Aprendemos que o status quo perpetua comportamento injusto e vitimizador para se proteger e se perpetuar. Não permita que esse comportamento seja normalizado. Não silenciem as vozes das vítimas que se apresentam. Não parem de exigir os seus direitos civis. Eu sou grata a todos que se pronunciam sobre os abusos e traumas que sofreram. Vocês estão quebrando o silêncio. Vocês são a revolução.”

Anna Paquin (Vampira), que trabalhou com Ellen Page em 2 X-Men: O Confronto Final e X-Men: Dias de um Futuro Esquecido, se posicionou a favor da colega em seu Twitter: