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REVIEW: ‘The Gifted’ surpreende com drama mutante de qualidade em seu episódio piloto!

Legion, a primeira série de televisão do Universo X-Men, assim que foi lançada, logo foi aclamada pela crítica e pelo público. Para The Gifted no entanto, restou a desconfiança dos fãs devido a um trailer com efeitos não concluídos, e a responsabilidade de provar que não devia nada a nenhuma série de super heróis, tanto das concorrentes, quanto da própria Fox. E é exatamente isso que o episódio piloto do novo drama dos mutantes criado por Matt Nix se propõe e conclui com sucesso, pois, mesmo com uma proposta mais simples, o resultado é positivamente surpreendente.

The Gifted conta a história de um casal que descobre que seus filhos são mutantes, Reed Strucker (Stephen Moyeyr), que trabalha como advogado distrital especialista em crimes relacionados a mutantes, junto de sua esposa Kate (Amy Acker), se vê obrigado a partilhar do mesmo destino daqueles que um dia ele alegou ser criminosos, pois para salvar seus filhos (Lauren e Andy), a família strucker se une a uma organização de mutantes e se torna foragida. O episódio piloto foi dirigido por Bryan Singer, diretor da franquia mutante nos cinemas e roteirizado por Nix.

Já no começo do episódio, somos introduzidos ao familiar pilar que sustenta e é a essência dos mutantes, seja nos quadrinhos ou em qualquer outra mídia, a segregação. Um grupo de policiais está perseguindo uma mutante que foge desesperadamente para sobreviver, ela é perseguida não por ser perigosa ou por ter feito algum crime, mas simplesmente pelo fato de ser mutante. Essa segregação com o diferente é uma das principais razões pela qual muitas das minorias de hoje em dia se relacionem com os X-Men, e isso acontece desde sua criação, quando Stan Lee se inspirou em dois ativistas negros (Martin Luther King e Malcolm X) para criar os personagens dos Professor X e Magneto.

Pouco depois, somos apresentados a parte do elenco que compõe os mutantes principais da série. Eclipse (Sean Tale) que é uma espécie de líder da “Mutant Underground”, uma organização de resistência mutante, Pássaro Trovejante (Blair Redford), amigo e braço direito na organização e Polaris (Amy Acker), que além de namorada de Eclipse, se torna um dos destaques do episódio mesmo que com pouquíssimo tempo em tela. A forma com a qual interpreta, apresenta uma mulher forte, decidida e poderosa, razão pela qual é fácil gostar da personagem. Eles procuram por Blink (Jaimie Chung), que ao contrário de sua versão experiente de X-Men: Dias de um Futuro Esquecido, ainda está lutando para aprender a utilizar seus portais.

E então, a grande parte do episódio se foca em desenvolver a situação da família Strucker, dando atenção principalmente a Andy (Percy Hynes) e Lauren (Natalie Alyn Lind), nestes momentos, o piloto trás um pouco de simplicidade, mostrando questões comuns como o drama adolescente na convivência dos dois irmãos, mas também trás questões mais sérias, como o Bullying e a negligencia com a qual o assunto é tratado por terceiros. Bullying este que é a causa da manifestação dos poderes de Andy, que por não conseguir se controlar, acaba criando um acidente no baile de sua escola, este incidente é a base para todo o episódio, todos os acontecimentos a partir de então são resultados diretos da primeira manifestação dos poderes do jovem, a partir daí, acompanhamos toda a trama que envolve a fuga da família Strucker, a resistência dos Mutantes e como eles são tratados como ameaça, isso é mostrado até o fim do episódio.

Se analisarmos “Legion”, percebe-se que esta não foi uma série com muitas referencias diretas ao Universo X-Men, em comparação, The Gifted não só faz citação direta a equipe, como trás alguns acenos que deixarão os fãs bastante felizes, isso vai desde a participação especial de Stan Lee, a aparição de elementos dos quadrinhos e até mesmo uma situação envolvendo a trilha sonora da clássica animação dos anos 90. Embora não tenha muitas cenas de ação nesse primeiro episódio, é exatamente isso o que a série promete trazer, pois de certa forma, na maioria das vezes em que mutantes apareceram, seus poderes foram essenciais para o desenvolvimento das cenas.

Como pontos positivos, The Gifted trás a essência dos X-Men, situações cotidianas envolvendo mutantes, coisa que poucas vezes vimos nos filmes, e um tom sombrio que envolve a perseguição dessa minoria, a aparente fidelidade aos quadrinhos e os efeitos especiais, que na maioria dos momentos são bons ou não comprometem, especialmente se levarmos em conta que é apenas uma série de televisão e não um filme, embora em algumas vezes (principalmente envolvendo os poderes de Lauren) eles pareçam um pouco pobres. Já como pontos negativos, temos o tom destoante entre as duas histórias que são apresentadas no episódio piloto, pois a cadencia e o drama adolescente que envolve a situação inicial da família Strucker acaba sendo engolido pelo tom atraente de urgência que domina a situação dos mutantes da resistência, algumas atuações como a de Stephen Moyer ficam a quem do esperado. Também é necessário mencionar a trilha sonora que não possui nenhum ponto alto sendo bastante esquecível.

O Episódio piloto de The Gifted está longe de ser perfeito, mas demonstra que Bryan Singer se sente bastante em casa ao lidar com os mutantes, embora em alguns momentos (como o citado acima sobre a falta de sintonia entre o plot das duas famílias) a direção não seja perfeita, o novo drama dos mutantes trás sem dúvidas muito mais pontos positivos do que negativos, ainda é necessário acompanhar o desenvolvimento de todos os personagens, visto que alguns não tiveram tempo de tela ou desenvolvimento suficiente, mas se a série continuar neste ritmo, os fãs se sentirão bastante felizes com o resultado.

The Gifted será exibido todas as terças no Canal FOX as 22h.